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17/08/2011

MAIS UMA DO LIVRO "OS SONHOS NÃO ENVELHECEM"

Fernando Brant e Milton Nascimento
Mais um trecho do livro "Os sonhos não envelhecem", de Márcio Borges, que será sorteado para os que participaram do sorteio do livro "Pelos caminhos da Estrada Real" (Ver, abaixo, a relação de participantes). Hoje, destaco parte das páginas 115 e 116, onde Marcinho conta como Milton Nascimento e Fernando Brant se conheceram.
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"Fernando Brant não conheceu Bituca por acaso. Também estudava no Colégio Estadual e era da sala de Sérvulo.
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Naquela noite, Bituca e Sérvulo andavam juntos pelo centro da cidade. Tinham ido beber, ou voltavam de um cinema, talvez tivessem ido fazer ambas as coisas. O fato é que entraram num ônibus e lá estava Fernado Brant sentado no banco de trás, entre outros colegas do colégio. Sérvulo promoveu as apresentações formais:
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-Fernando, este é Bituca...E este é o Fernando da minha sala.
-Prazer.
-Prazer. Vamos tomar uma cerveja?
-Legal
-Eu não posso - Falou Sérvulo.-Tenho de chegar em casa.
-Mas eu topo - disse Bituca.
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Houve uma empatia imediata entre os dois, cada qual se dispondo a sair do próprio rumo para prosseguir com a conversa que logo se tornara muito agradável. Sérvulo seguiu viagem até seu ponto. Bituca e Fernando desceram em frente ao Maletta, dispostos a inaugurar aquela amizade do melhor jeito que se conhecia: bebendo. Atravessaram a rua e entraram num bar em frente. Bituca ficou sabendo que aquele rapaz magro, de bastos cabelos castanhos, era estudante e pertencia a uma família quase tão grande quanto a minha. Fernando tinha nove irmãos, um a menos do que eu.
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Contaram e recontaram seus parcos trocados. Davam para duas cervejas e um ovo cozido. Bastante. Em torno dessas duas cervejas e do ovo cozido, dividido irmamente por Bituca (extraordinário), os dois conversaram a tarde inteira e fizeram amizade. Fernando gostava de poesia, sabia de cor versos inteiros de Garcia Lorca, Fernando Pessoa. Era sorridente e bem-humorado. Estava gostando muito de conhecer um músico, um compositor. Antes de se levantarem, Bituca perguntou:
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-E você escreve?
-Escrever o quê? Contos, essas coisas?
-Você escreve poemas como os que acabou de recitar?
- Eu nunca escrevi nada
-Então vai ter que escrever.
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Assim, combinaram de se encontrar outro dia para tentar realizar a tal empreitada. Nenhum dos dois poderia imaginar as estupendas consequências daquele encontro casual, que fizera cruzar as linhas de suas vidas."
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PARTICIPANTES E RESPECTIVAS DEZENAS QUE CONCORREM AO SORTEIO
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01 - Percy Castanho
02 - Gentil Alves Filho
03 - Célio Mattos
04 - Cyda Passos
05 - Heitor Branquinho
06 - Candida Botelho
07 - Danny Reis
08 - Diógenes Pereira de Araújo
09 - Ivan Rodrigues
10 - Ceumar Coelho
11 - Rosalie Gallo
12 - Erico Baymma
13 - Patricia Rebolo Medici
14 - Mano Melo
15 - Beto Feitosa
16 - Felipe Cordeiro
17 - Regina Celia
18 - Cleide Grava
19 - Toninho Vaz
20 - Kleber Rocha
21 - Porcina Frota
22 - Aline da Silva
23 - Renato Garcia
24 - Jade Dantas
25 - Robert Cruzoaldo Maria
26 - Egeu Laus
27 - Manoel Lima
28 - Gerusa Leal
29 - Bernadete Monteiro
30 - Regina Makarem
31 - Carlos Alberto Machado
32 - Joyce Brandão
33 - Cristiane Lopes
34 - Ana Ferreira
35 - Bruno Delecave
36 - Esther Torinho
37 - Tibério Gaspar
38 - Luciane Mendes
39 - Márcio Paschoal
40 - Jozi Lucka
41 - Ritta Cidreira
42 - Ronaldo Teixeira
43 - Sonia Medeiros Imamura
44 - Cleomar Santos
45 - Décio Bettencourt Mateus
46 - Simone Mancini Castilho
47 - Clement Zular
48 - Douglas Rosa
49 - Mara Cristina
50 - Marcelo Jiran
51 - Cristina Guedes
52 - Sérgio Ramos
53 - Inah Lins
54 - Maria Valéria M. Bethonico
55 - Carla Cintia Conteiro
56 - Maria Helena Barata
57 - Cacau Costa
58 - George Israel
59 - Flávio Machado
60 - José di Cavalcanti
61 - Juca Novaes
62 - Sérgio Ricardo
63 - Claudio Nucci
64 - Silvio Sano
65 - Walter Martinelli
66 - Deborah Matthiesen
67 - Sonia Carneiro Leão
68 - Preciosa Alonso Taboada
69 - Jorge Roberto Martins
70 - Maria Fouraux
71 - Nanando Mira
72 - Maria Tereza Arruda Campos
73 - Héctor Pandolfo
74 - Neti Costa
75 - Elisa Heilbuth Verçoza
76 - Mara Sardinha Quintão
77 - Angelo Daidone
78 - Paulo Saturnino Figueiredo
79 - Maria Cristina Scanhola
80 - Elder Braga
81 - Rafael Nolli
82 - José Roberto Moura
83 - André Madi
84 - Cida Queiroz
85 - Mônica Bacci
86 - Vanusa Campos
87 - Sérgio Veleiro
88 - Fabiane Ribeiro
89 - Juliano Duarte
90 - Angelina Oliveira Bento
91 - João Ricardo Gambini
92 - Cristiano Soares
93 - Claudia Cy
94 - Elisa Portes Amorim
95 - Israel Costa
96 - Osvaldo Borgez
97 - João Lúcio Ferraz de Azevedo
98 - Dri Alves
99 - Leonardo Ribeiro Campos
00 - Jean- Pierre Barakat


02/11/2010

HOJE É DIA DE EL REY

MÁRCIO BORGES e FELIPE CERQUIZE

Hoje, acordei com uma música do disco Milagre dos Peixes na cabeça: Hoje é dia de El Rey. Como a maioria deve saber, grande parte das letras desse disco foi censurada, inclusive a escrita pelo Marcinho para essa canção. Pincei-a do blog Pérolas aos Povos (leia, abaixo). Acho essa melodia um primor e o sax que Nivaldo Ornelas pôs nela é de arrepiar. Essa música é uma das que realmente embalaram meus sonhos juvenis. A poesia do Marcinho não podia deixar de estar no disco, mas, infelizmente, os tempos eram outros, mais sórdidos e truculentos. No poder efêmero da época, não havia espaço para reconhecer o fundamento de uma poesia como essa, de sentido eterno. Lembro-me de ter lido, se não me engano no livro "Os sonhos não envelhecem", que a ideia era ter a voz de Dorival Caymmi nessa canção do disco.
A música pode ser ouvida no mesmo blog, acessando-se o link http://tinyurl.com/35pnbq8  



HOJE É DIA DE EL REY

(Milton Nascimento e Márcio Borges)

Filho – Não pode o noivo mais ser feliz
Não pode viver em paz com seu amor
Não pode o justo sobreviver
Se hoje esqueceu o que é bem-querer
Rufai tambores saudando El Rey
Nosso amo e senhor e dono da lei
Soai clarins pois o dia do ódio
E o dia do não são por El Rey

Pai – Filho meu ódio você tem
Mas El Rey quer viver só de amor
Sem clarins e sem mais tambor
Vá dizer: nosso dia é de amor

Filho – Juntai as muitas mentiras
Jogai os soldados na rua
Nada sabeis desta terra
Hoje é o dia da lua

Pai – Filho meu cadê teu amor
Nosso Rey está sofrendo a sua dor

Filho – Leva daqui tuas armas
Então cantar poderia
Mas nos teus campos de guerra
Hoje morreu a poesia

Ambos – El Rey virá salvar...

Pai – meu filho você tem razão
Mas acho que não é em tudo
Se o mundo fosse o que pensa
Estava no mesmo lugar
Pai você não tinha agora
E hoje pior ia estar

Filho – Matai o amor, pouco importa
Mas outro haverá de surgir
O mundo é pra frente que anda
Mas tudo está como está
Hoje então e agora
Pior não podia ficar

Ambos – Largue seu dono e procure nova alegria
Se hoje é triste e saudade pode matar
Vem, amizade não pode ser com maldade
Se hoje é triste a verdade
Procure nova poesia
Procure nova alegria
Para amanhã... 

28/09/2010

BITUCA PARA CRIANÇAS - POR KIKO CONTINENTINO

LUCYNHA - SHOW BITUCA PARA CRIANÇAS - TRÊS PONTAS (MG)
BITUCA PARA CRIANÇAS - VESPASIANO (MG)
BITUCA PARA CRIANÇAS - VESPASIANO (MG)
BITUCA PARA CRIANÇAS-NEGUINHO,PATRICIA E LUCYNHA-VESPASIANO (MG)
BITUCA PARA CRIANÇAS - TRÊS PONTAS (MG)
CENTRO CULTURAL MILTON NASCIMENTO - TRÊS PONTAS (MG)
KIKO CONTINENTINO E LUCYNHA

Prezados amigos, venho aqui reportar e compartilhar com vocês boas notícias.
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Realizamos dias atrás em Minas Gerais um projeto novo de oficinas e shows chamado BITUCA para CRIANÇAS – Canções de Milton Nascimento -, que foi um grande barato! Viajamos em TRIO: eu no teclado (+ arranjos e direção musical), minha esposa Lucynha, cantora, educadora musical e regente coral - que ministrou as oficinas e nos shows se desdobrou na percussão – e o grande talento multi-instrumentista Clauton “Neguinho” Sales, que além da bateria e trompete – simultaneamente – ainda “encontrou tempo” de nos ajudar com seus belos vocais.
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Não conseguimos levar contrabaixista e a função ficou mesmo na minha mão esquerda; por vezes, programei no ‘sequencer’ do teclado um contrabaixo para nos auxiliar. E assim fomos a duas cidades mineiras, Vespasiano e Três Pontas, estrear esse novo trabalho. Agradeço ao Lindomar do Festival Internacional de Corais pelo convite e o empreendimento de um super festival, que envolve dezenas de cidades e apresentações das mais diversas em MG. Em semi-breve relato, tentarei descrever como foi a nossa parte, nesses 4 dias.
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Chegamos a Vespasiano - pequena e simpática cidade, na periferia de BH - na segunda-feira, 20set2010. Apesar de pequenos problemas estruturais, realizamos a primeira oficina numa escola pública da periferia da cidade para umas 30 crianças, ansiosas em participar. Contornamos os contratempos com o auxílio da cuidadosa produção da Carol, Kênia e Fabiano da Champagne Eventos, empresa de cerimoniais da agradável cidadezinha de Pedro Leopoldo – localizada bem atrás do aeroporto de Confins.
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No dia seguinte, o show foi na mesma escola, na quadra de esportes, com sonorização do Luiz - também de Pedro Leopoldo. A diretora, Sandra, foi muito gentil e receptiva conosco, assim como as professoras do grupo. Um povo simples e alto-astral que adorou a iniciativa do projeto. Eram mais de 100 crianças dessa vez. No final, pedimos para se aproximarem do palco e na 'Canção da América', minha esposa se emocionou ao ver os olhos embargados de um menino que cantava com a gente. Quando começou a descer rios e rios de lágrimas dos olhos do menino, ela não se conteve e também chorou, chorou a beça... Não conseguiu terminar a música.
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Isso mostra a força da obra do Milton. E dos seus maravilhosos parceiros, como Fernando Brant que escreveu a “música do amigo” - como era conhecida “Canção da América” na escola do meu filho, aqui em Niterói. Na época, as crianças estavam meio “briguentas” e as professoras resolveram instituir a “semana do amigo” que tinha como símbolo, essa canção – na verdade, um hino da fraternidade. A música do Bituca se comunica de forma ainda mais fluente com os pequenos. A reação espontânea de uma criança, nada mais do que um ser em estado bruto de espontaneidade, nos aponta uma direção: temos que levar esse 'Bituca para Crianças' avante...
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Logo após o show em Vespasiano, fomos para Três Pontas - mais ou menos 4 horas de van. Chegamos à noite. Curiosamente, eu já conhecia bem os caminhos da cidade. Não era pra menos. Uma semana antes, fiquei hospedado por 10 dias na casa do seu Zino (sob os cuidados da Beth – irmã do Bituca), onde o Milton foi criado. Estávamos ensaiando o show do novo CD do Milton – “E a Gente Sonhando...” - gravado com músicos de Três Pontas e apresentado ao público no segundo Festival do Mundo – super realização da produtora e escritora Maria Dolores.
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Assim que nos instalamos no Hotel Brasil, fomos ter com Jacaré, figuraça primo do Bituca e Marco Elizeo, que coordenava o festival por lá, na Praça Travessia – em frente à casa do seu Zino. Assistimos 3 grupos vocais. O primeiro, um grupo local: as 'Cigarras de Rosa', côro regido pelo Maurinho, que cantou com a gente no lançamento do CD do Bituca; logo depois entrou um puta grupo vocal venezuelano chamado 'Bocapella', com cantores que usam a voz como efeito percussivo e são excelentes no ritmo caribenho - além de cantarem pacas. Eles arrasaram. Eram 6 ou 7 homens, mas “o arranjador” era uma mulher, uma figuraça que dançava animadamente na praça onde se realizaram as apresentações. Gostei muito do arranjo do 'Bocapella' para CANÇÃO do SAL, música que adoro e já gravei no meu CD com o Sambajazz Trio.
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Logo após os venezuelanos, entraram as meninas do TXAI com a Clarissa, responsável pelo coro que tocou com a gente no show do Bituca – aquele de 10 dias atrás – e mais três cantoras e três músicos, todos muito talentosos, de BH. Muito bonito o arranjo para 'Ponta de Areia'. Infelizmente não ficamos até o final. Tivemos que seguir para o jantar, cuidar do alimento elementar sem o qual não poderíamos render no dia seguinte.
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Quarta-feira, 22set2010. Pela manhã, partimos para a oficina no Centro Cultural Milton Nascimento –, local TAMBÉM muito familiar para mim. Foi ali que ensaiamos, durante uma semana, o repertório do novo show do Bituca com a “thurma” de 3ptas. É um teatro bonito, com acústica excelente, localizado atrás do “TOC” (Trespontano Olímpico Clube). Fiquei muy contente em saber que trabalharíamos nesse lugar. Ali tudo transpira música.
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A Lucynha coordenou uma excelente oficina para 350 crianças (comportadíssimas) da rede pública da cidade. Muitas da área rural. Que experiência única, essa! Levar a música do Milton pr'uma garotada que não tem essa oportunidade todo dia! Agradeço a Secretária de Educação, a todo o pessoal da secretaria e as professoras que tão bem receberam o nosso trabalho!
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Foi uma oficina de quase 2 horas onde a Lu passou exercícios vocais, falou um bocado de música - sempre de forma lúdica - e colocou as crianças para participar, cantar junto com a gente. Passamos com elas alguns dos vocais que 'cairiam' no show, logo após o almoço.
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O show foi mágico e bem interativo, com a criançada participando, cantando junto... No final, muitas subiram ao palco, divididas em dois grupos – cada um com dezenas de crianças. O primeiro grupo cantou 'Bailes da Vida' e o segundo, 'Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor', do Lô e do Marcinho. Neguinho, como sempre, mandou-ver na bateria, trompete e principalmente nos vocais. Saí de lá com a sensação de 'missão cumprida'. Adorei conversar depois com a turma da secretaria de educação trespontana que possibilitou toda essa operação. Estão todas de parabéns.
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Marco Elizeo e Alex Tiso, meus companheiros dos tempos de Fredera (estive em Três Pontas entre 1988 e 1989) também ajudaram bastante, inclusive nos vocais, assim como o Ronaldo do som. Tivemos também a participação 'meteórica' do Andrezinho, figura maravilhosa da cidade que além de arrasar nos vocais em 'Maria Maria', encontrou tempo para consertar uma peça do meu teclado que estava solta.
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Encontrei também por lá amigos talentosíssimos da cidade: Clayton Prosperi e Ismael Tiso Jr, vulgo 'Marrequinho' (os dois TAMBÉM participaram do show do Bituca...), além do super-motora e futebol player Edu. Sou grato ao Edu pelos passes precisos na 'pelada' disputada dias atrás em 3ptas, que marcou o meu ‘retorno triunfal’ ao futebol (fui a sensação da pelada, com 5 gols marcados... rsrs... o pior é que não é brincadeira... tudo graças ao Edu, que me municiou de forma generosa; e jogou no Santos da época de Muller e Caio, sob comando do Luxemburgo). Sempre por perto, estava a Vanusa, fotógrafa que registrou nossa apresentação no twitter cam.
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Três pontas é assim: povo acolhedor, gente boa demais.
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Esse é o retrato do interior do meu estado: MG.
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Como gostaria de morar num lugar assim...
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Depois do show ainda arrumamos tempo para conhecer uma maravilhosa ‘padoca’ local. E comer os famosos cigarretes de queijo-presunto e um refri, que não me lembro o nome agora, de abacaxi - saborosíssimo; segundo a Vanusa, parece 'bala chita líquida'... Quem é de minas sabe do q estou falando. Ah, o picolé de salada de frutas do 'Sorvete do Chico' é também parada obrigatória para quem for a Três Pontas no festival do ano que vem.
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Interessante como a gente vai despertando para coisas mais sérias de forma natural, às vezes meio por acaso. Essa é a proposta do 'Bituca para Crianças', 'Bossa-nova para Crianças' e do 'Brasileirinho', projetos educativos que tenho com minha companheira Lucynha que além de cantora é educadora musical e trabalha com vozes infantis.
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Temos aí um terreno muito grande a ser explorado.
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Vamos tocando essa bola pra frente... A idéia merece ser levada adiante.
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... Quem tiver algo a dizer, deixe aqui suas palavras.abraços a todos
KIKO CONTINENTINO

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