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01/11/2011

INTEGRIDADE - CLAUDIO NUCCI E FELIPE CERQUIZE

Dri Gonçalves, Felipe Cerquize e Claudio Nucci

Cliquem no link http://snd.sc/rrBZno para ouvir "Integridade", parceria minha com Claudio Nucci. Essa gravação é uma das faixas do CD "Nelson, Noel & Nucci", produzido pelo Sentrinho de Macaé, escola que atende a crianças e adolescentes especiais e que foca a Cultura e, em especial, a Música, como grande aliada à educação.
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No repertório, composições de Noel Rosa e Nelson Cavaquinho, que foram recentemente lembrados pelos centenários de nascimento: Noel nasceu em 1910, Nelson em 1911. Com este disco Claudio Nucci incorpora-se às justas homenagens prestadas aos dois grandes mestres, não apenas interpretando, com sua voz e seu violão, páginas do repertório de ambos, mas participando também com quatro composições de sua autoria, que buscam sintonizar a essência do espírito de Noel Rosa e Nelson Cavaquinho.
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INTEGRIDADE
Música: Claudio Nucci
Letra:    Felipe Cerquize
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Zelos podem ser um exagero,
mas denunciam afetos
e eu insisto em querê-los
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Fatos riscam a integridade
e os sonhos que são de verdade
transformam-se em pesadelos.
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Basta termos certeza
de tudo que desejamos.
Só desse jeito enfrentamos
nossos próprios desmazelos.
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E assim nos equilibramos
num tênue fio de lã
entre a ilusão e a razão,
entre o afeto e o medo
vindos de um mesmo novelo.
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Vozes       Claudio Nucci e Dri Gonçalves
Violão:      Claudio Nucci
Clarinete:   Marcelo Bernardes
Percussão: Rafael Lorga

14/10/2008

CRÔNICA ESCRITA EM DEZEMBRO DE 2005


Dia desses, vi uma reportagem na televisão com Guilherme de Brito e fiquei muito triste. Guilherme está com mais de 80 anos. Ainda passeia pelo bairro de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, toma sua cervejinha e canta melancolicamente "Quando eu me chamar saudade" para as câmeras.

O problema não é esse. O problema é que vi no Guilherme o retrato do que se vê em milhões de idosos no Brasil. Aquela sensação de abandono e a necessidade, geralmente não atendida, de compartilhar algumas emoções incontidas.

O tempo todo somos preparados para lutar e para conquistar. Lutas pressupõem adversários. Os elementos que estão dentro da sociedade em que vivemos e que ambicionam as mesmas coisas que nós costumam ser nossos principais adversários. Quando não se trata de um ente querido, de um aliado ou de um adversário, trata-se de um ser neutro e é para esses que reservamos a indiferença. Os idosos recebem uma boa carga dessa indiferença social e sabemos muito bem por quê.

O Guilherme é muito conhecido pelas suas parcerias com Nélson Cavaquinho. No entanto ele tem uma vasta obra independente, iniciada muito antes dessa relação. Começou a compor em 1938, mas só em 1955 a sua composição "Meu dilema" foi gravada pelo cantor Augusto Calheiros, juntamente com outra canção também de sua autoria, "Audiência divina". Conheceu Nélson Cavaquinho em Ramos, subúrbio do Rio de Janeiro, quando este tocava nos botequins do bairro. Em 1957, Raul Moreno gravou "A flor e o espinho", parceria sua com Nelson Cavaquinho e Alcides Caminha, mais tarde também gravada por Elizeth Cardoso. Daí para frente, vários cantores e diversos documentários registraram suas obras.

Insisto em ter o Guilherme como referência, porque ele é um exemplo de pessoa que chegou à velhice sendo bem-sucedida naquilo que é sua vocação, mas que, mesmo assim, transmite um ar de abandono e de muito sofrimento quando estampa sua face numa tela de TV. Se com ele acontece isto, imaginem, então, com aqueles que não obtiveram nenhuma resposta satisfatória do tempo? Pobre Guilherme! A reportagem mostrava-o caminhando pelas ruas de seu bairro, conversando com os camelôs e comprando um quilo de carne fresca, mas tudo aquilo ficou muito artificial, na minha opinião.

Encerremos, então, esta crônica com o máximo de sinceridade possível. E não me vem outra coisa à cabeça, senão a letra de "Quando me chamar saudade", como símbolo dessa expressão desejada.

QUANDO EU ME CHAMAR SAUDADE
(Nélson Cavaquinho e Guilherme de Brito)

Sei que amanhã
Quando eu morrer
Os meus amigos vão dizer
Que eu tinha um bom coração

Alguns até hão de chorar
E querer me homenagear
Fazendo de ouro um violão

Mas depois que o tempo passar
Sei que ninguém vai se lembrar
Que eu fui embora

Por isso é que eu penso assim
Se alguém quiser fazer por mim
Que faça agora

Me dê as flores em vida
O carinhoA mão amiga
Para aliviar meus ais

Depois que eu me chamar saudade
Não preciso de vaidade
Quero preces e nada mais

GUILHERME DE BRITO:
* 03/1/1922 Rio de Janeiro, RJ
+26/4/2006 Rio de Janeiro, RJ