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08/12/2010

ALGUMAS FILMAGENS DURANTE A VISITA À ITÁLIA

Com esta mensagem apresento quatro links com filmagens feitas em Reggio Calabria e em Roma. Em três dos quatro está a Trilogia para Trastevere, série de poesias que fiz no exato momento da filmagem. Seguem os links:

1.Apresentação da música "Flor do tempo" realizada no Palácio Campanella, Reggio Calabria, no dia 26 de novembro
http://www.youtube.com/watch?v=qUNwVWxOdsc

2.Trilogia para Trastevere 1
http://www.youtube.com/watch?v=9bKJGaWp8lU

Um dia, passei por Trastevere
e vi que a cidade é moderna
e vi que não estava cego
e vi que tudo vale a pena

Um dia, passei por Trastevere
e notei que a cidade gosta dos seu filhos,
que ela é capaz de gerar frutos,
que ela faz de si o mundo.
Um dia, passei por Trastevere
e vi seu comércio,
seus restaurantes.

Pessoas falando consigo mesmas,
às vezes por loucura,
às vezes por bebida.

Carros pelas ruas de paralelepípedo.
Não é um paralelepípedo igual ao da minha terra
Não são pessoas que cantam e falam
como na minha terra.

Aqui, tudo é pequeno,
grandiosamente pequeno.

Um dia, eu fui a Trastevere.

Felipe Cerquize
(poesia criada durante a própria filmagem)

3.Trilogia para Trastevere 2
http://www.youtube.com/watch?v=dmeBPODRV6s

Todos querem ser felizes,
todos querem encontrar
o lugar em que realizem seus sonhos
ou que lembrem deles em algum lugar
do passado, do presente.

É assim que se sente,
é assim que se vê, às vezes,
o corpo ausente.

Aqui, vejo a mim mesmo,
trinta anos atrás,
quando escutei uma música
e não entendi por que se chamava Trastevere.

Agora, sei que a cidade não é moderna,
agora sei que não estou cego.

É aqui, será sempre aqui,
que eu arremeterei
as minhas melhores lembranças
num passado distante,
que está cada vez mais próximo.

Sempre que quero voltar, eu volto.
Sempre que querem me ver, me vêem.

As pessoas não entendem,
nem eu me entendo,
mas vou levando, admirando,
cantando aos cinquenta e dois anos de idade.

Não sei se isso é verdade,
mas sei que sou verdadeiro.
e por isso saí do meu lugar
para ver o mundo inteiro.

Felipe Cerquize
(poesia criada durante a própria filmagem)

4.Trilogia para Trastevere 3
http://www.youtube.com/watch?v=A75Ziiid6Js

Um dia,
quando ouvir esta poesia,
vou ter a certeza
de que valeu a pena viver.

Valeu a pena conhecer
um pouco da minha juventude,
mesmo quando já tinha
cinquenta e dois anos de idade.

Cada cidade é um pouco de mim.
Cada vida é uma só
e eu vou só,
olhando tudo e todos
acreditando no passado,
duvidando do futuro.

Pé no presente e a gente sente
um pouco das vozes,
um pouco dos sonhos.

As mesas vazias,
pessoas sadias.

Viajando no mundo,
ou mesmo morando na rua pequena,
fazendo novena, olhando a janela
e dela se vendo.

Não está chovendo,
mas a chuva pode cair
a qualquer momento.
Basta um pouco de vento,
basta as pessoas chorarem

É assim que se faz
a mudança de rumos.
É assim que se faz,
é assim que se espremem os sumos.

As pessoas aparecem,
as pessoas somem,
o mundo gira.

Tem gente que pira,
tem gente que expira,
tem gente que se esconde na lira,
na lira dos desejos,
na lira dos delírios.

Onde estão os meus lírios,
onde estão minhas rosas,
que fazem poesias,
que desdobram prosas.

Trastevere, Piazza de Santa Maria.
Aqui, estive um dia
e me lembrei de você.

Felipe Cerquize
(poesia criada durante a própria filmagem)

29/11/2010

A CIDADE É MODERNA

Hoje, acordei às sete da manhã e saí batendo perna Roma afora. Fui ao Coliseu, que estava aberto para visitação e aproveitei para ver todos os detalhes do interior dessa arena milenar. Ao final, quando saí, havia uns caras vestidos de romano, cobrando dois euros para tirar fotos. Quando cheguei perto deles, para saber o preço, perguntaram, na sacanagem, se eu era gaúcho. Disse que não e, então, começaram a falar em italiano da fama dos nossos conterrâneos (deu pra entender, mesmo eu não conhecendo a língua). A brincadeira com a turma do Rio Grande do Sul está indo longe demais, literalmente. Aliás, uma perguntinha: quem tem boca vai a Roma ou vaia Roma? Deixo a resposta para quem souber.

Do Coliseu, fui para o Pantheon, passando pelo Fórum Romano, ruínas mil e outros trocentos prédios históricos, dos quais não me lembro de nomes, agora. O Pantheon também é uma construção de imponência ímpar. O interior é belíssimo.

Mas o melhor de tudo, mesmo, veio depois do Pantheon. No caminho, descobri Trastevere, bairro boêmio de Roma, que fez parte do meu imaginário, desde a época em que Milton cantou a música homônima no seu disco, Minas, de 1975 (se não me engano, dele com Ronaldo Bastos). Aliás, no início, nem sabia o que significava a palavra e ficava imaginando um local utópico, tipo Pasárgada. Na verdade, Tevere é o rio Tigre ("fiuma Tevere"), que corta toda a cidade de Roma. Trastevere, então, significa "depois do Tevere", que é onde o bairro fica, tomando por referência o lado principal da cidade. O lugar é agradabilíssimo, cheio de pequenas lojas, cantinas e restaurantes. Caminhando sozinho pelas ruas, com minha máquina fotográfica, me veio a ideia de fazer poesias no local e para o local, enquanto caminhava. Pus a máquina no modo "filmar" e, enquanto mostrava as vielas de Trastevere, fui recitando poemas, que criei na hora. Na minha opinião (suspeita), ficou um exercício bastante interessante. Quando eu subir com elas para o You Tube, aviso. No final descobri e comi um prato super saboroso, num pequeno restaurante de lá, à base de camarão e calamar (lula) fritos, muito mais barato do que os pratos similares existentes no Brasil, pelo incrível que pareça.
No restante, foi a volta para o hotel, a maior parte do tempo andando pela via Nazionale, onde existem lojas de tudo que é tipo, inclusive com precinhos camaradas. Comprei algumas lembranças para levar para o Brasil.

Amanhã (30/11), estou em Roma até o meio-dia (nove horas da manhã, no Brasil). Depois, começo o caminho de volta, indo para o aeroporto de trem, de lá pegando um voo para Paris e, finalmente, outro para o Rio de Janeiro, onde chego na manhã do dia primeiro.

Vão, abaixo, mais três fotos, ainda com defasagem em relação à narrativa, pois as de hoje não foram baixadas para o meu computador. A primeira é uma foto de dois guardas do Vaticano, que mais parecem coringas de carta colorida de baralho. A segunda é Fontana di Trevi, onde deixei meus desejos com duas moedas. Finalmente, a terceira é uma foto da escultura de Pietá, que tirei na Basílica de São Pedro.

Provavelmente, só volto a escrever, agora, quando chegar ao Brasil. Se tiver oportunidade, escrevo antes.