07/04/2013

VINTE MIL DIAS DE VIDA



Hoje, faço exatos vinte mil dias de vida. Comecei a acompanhar esta data há mais ou menos cinco anos e tinha até a intenção de fazer alguma comemoração especial, quando ela chegasse. Mas o tempo foi passando tão rápido, que acabei sendo atropelado por ele, sem dar a resposta que eu gostaria para a ocasião. Fica então o registro e a esperança de, quem sabe, comemorar com uma grande festa os meus trinta mil dias de vida, quando estiver com 81 anos de idade.

VIVO

Não era vivo na época,
mas também não tinha morrido.
Estava pra ser consagrado,
apesar de não ter vencido.

Só depois que cheguei foi que vi
que a coisa não é bem assim.
Nem toda água se bebe,
nem toda sede é ruim.

Nem todo rio se dobra,
não há reta de um só ponto
Quem mostra o pau mata a cobra
mesmo sem contar um conto.

O mundo dos vivos governam
aqueles que são mais vivos.
Disso não quero ser parte
e Deus sabe meus motivos.

Não existia na época,
porque não tinha nascido.
Hoje também não sou vivo,
apesar de não ter morrido.

Felipe Cerquize

CHORINHO PARA AS LÁGRIMAS

Marcelo Jiran
Marcelo Jiran é um dos meus grandes parceiros musicais mineiros, de quem, ontem, tive a grata satisfação de receber mais uma parceria concluída, que considero muito especial. Ele musicou minha poesia intitulada "Chorinho para as lágrimas". Com esse título tão sugestivo, o gênero da música não poderia deixar de ser um chorinho, claro. Uma bela música do Marcelo, que vocês poderão ouvir, clicando aqui


CHORINHO PARA AS LÁGRIMAS
Música: Marcelo Jiran
Letra: Felipe Cerquize

As lágrimas são o prelúdio sincero
de uma resposta urgente.
Janela indiscreta
aberta de frente,
que mostra pra todos
o que está na gente.

Podem ser o transbordo
de uma imensa mágoa,
a neve que derrete
e desce do Aconcágua.

No limite, podem ser
a gota d’água.

Olhos marejados,
lágrimas da aurora,
soluções que rolam
pálpebras afora.

Orvalho na folha,
como um sentimento,
que pode morrer
a qualquer momento.

O choro muitas vezes
parece delicado,
mas é o avesso
passando pro outro lado.

Disfarçando o ódio,
encobrindo o amor,
reforçando a noite
sem o Sol se pôr.