30/09/2008

UMA PARCERIA

NA PALMA DA SOLIDÃO
Música: Célio Mattos
Letra: Felipe Cerquize

Arranco versos da laringe.
Nenhum poeta finge,
só tinge a escuridão.

Nenhum poeta mente,
só sente
o remanescente clarão.

Amigos têm o mesmo defeito
e sentem isso no peito,
quando chegam à perfeição.

Poetas sempre carregam o vício
de enxergar o fim no início.
Talvez não tenham razão.

A razão vai à loucura,
quando encontra a rasura
na palma da solidão.

29/09/2008

CONTOS INCRÍVEIS - MARCO SOUZA

Recebi, do meu amigo Marco Souza, um exemplar de Contos incríveis. O lançamento do meu livro Contos sinistros, em 2005, foi que o fez entrar em contato comigo, pois, na época, ele já tinha como projeto a publicação desse trabalho, que tem o título parecido com o do meu. Não por mera coincidência, pois a abordagem das nossas histórias segue pelas mesmas raias. Marco é um aficionado pelo gênero e isto, com certeza, torna o seu livro mais autêntico. Em 2005, então, ele me entregou suas histórias para leitura e me convidou para fazer o prefácio (abaixo).

Marco, obrigado pelo exemplar. Já comecei a reler suas histórias fantásticas.

Abraço!

Felipe


PREFÁCIO

Quando, em maio de 2005, fiz o lançamento do meu livro com histórias sinistras, não poderia imaginar que, entre as várias pessoas aficionadas pelo tema estaria uma que, inclusive, tinha em mente o lançamento de um livro de contos. Marco Souza foi uma grata surpresa desde os primeiros contatos por correio eletrônico, quando mostrou seu interesse pelo meu trabalho e, mais do que isto, convidou-me para escrever o prefácio destes CONTOS INCRÍVEIS. Num primeiro momento, fiquei honrado com o convite, mas, assim que acabei de ler os contos do Marco, o sentimento passou a ser de orgulho.

Este livro é uma coletânea de histórias fantásticas com características bem marcantes, o que, na verdade, caracteriza o próprio autor. Numa análise geral, uma das peculiaridades do Marco é fazer com que, nos seus contos, as personagens se confundam ou se invertam, o que multiplica o interesse do leitor pela leitura e faz com que seja necessária uma interpretação investigativa dos fatos, o que é interessante, considerando o tema abordado. Outro ponto positivo, que alimenta a roda-viva da curiosidade humana, é a tendência a resgatar o começo da narrativa de uma forma diferente da primeira. Além disso, em algumas das histórias, aparece a abordagem erótica na dosagem certa para aguçar o interesse pelo enredo sem que descambe para o vulgar, o que é imprescindível, quando o trabalho publicado tem a intenção principal de preservar sua qualidade.

Em O PEDIDO, a troca fantasiosa de personalidades é a espinha dorsal do conto, fazendo-nos refletir sobre a tolerância inconsciente que temos com a rotina. Em CARTAS ANÔNIMAS, a possibilidade de traição iminente é interrompida abruptamente pela distração. Já em VOZES, quem fala é a própria consciência do protagonista. Ao contrário do título, A COISA CERTA é uma história socialmente incorreta, mas que poderá revelar alguns desejos inconscientes da maioria dos que a lerem. ENTRE AMIGOS é um conto com recomeços, que permite o revezamento entre o algoz e a vítima, de maneira que, no final, nenhum dos dois saia como mocinho ou vilão. O paternalismo e a psicopatia evidenciados em ILUSÕES levam a uma trama espetacular, de final surpreendente. O desfecho se dá com A VÍTIMA, onde, no decorrer da história, o medo cede espaço para meras saciedades exóticas de um casal.

Aos que estão embarcando neste trem, aviso que os medos necessariamente se farão presentes e tomarão formas diferentes ao longo desta viagem. Crime passional, psicopatia e acrofobia são algumas das estações, mas a viagem completa só poderá ser descrita por quem olhar para cada dormente que prende os trilhos até chegar à última plataforma.
Parabéns ao Marco por este belo trabalho!

Felipe Cerquize

22 A 28/09/2008 EM SALVADOR (BA)

Meu amigo chileno Carlos e sua esposa Viviane complementaram a satisfação da minha estada com a Nilza em Salvador. Estiveram conosco na sexta-feira (26/09) e no sábado (27/09) à noite.

Na sexta, nos presentearam coma uma sessão da peça A bofetada, que já está em cartaz há vinte anos, em Salvador. Espetáculo divertidíssimo e inteligente, comandado pela Cia Baiana de Patifaria. Vale a pena conhecer um pouco dessa trupe soteropolitana que já levou mais de um milhão de pessoas ao teatro. O endereço do site deles é http://www.ciadepatifaria.com.br/. Depois, fomos a um restaurante e papeamos tão descontraidamente, que só nos demos conta da hora quando já era madrugada.

No sábado, Carlos e Viviane levaram a gente para um aconchegante boteco ("buteco", como dizem os baianos) para comer umas lambretas. Acabamos lembrando das machas, das cholgas, dos choritos e dos locos chilenos, que não fazem o menor sentido para qualquer outro participante da nossa lista, mas que, para mim, permitiu algumas agradáveis lembranças, além da celebração de uma amizade gratificante. A internet tem dessas coisas: a chance de conhecer o Carlos por caminhos não-virtuais era praticamente nula. Eu acredito que um pouco de feeling e outro de bom senso são suficientes para cultivar amizades de fato por esta via de comunicação e isto é o que procuro fazer através do nosso grupo.

Carlos, obrigado pela hospitalidade "soterossantiaguina". Agradeça também a Viviane por mim e por Nilza. Aliás, aproveito para comentar que comecei a ouvir o seu CD Viento Solo e estou achando agradabilíssimo, muito bem dosado. Depois, comento contigo sobre os DVDs de Les Luthiers, com os quais você me presenteou, pois ainda não tive tempo hábil para assisti-los (aos que quiserem conhecer essa outra trupe, o site é http://www.lesluthiers.com/)

28/09/2008

SIMPLES

Procuro as coisas simples
Porque nelas vejo o amor
Porque nelas tenho o tom
Porque delas tiro o som

Tiro o sim e tiro o são
Compreendo a ilusão
Busco ter sabedoria
Nos versos da poesia

Procuro o raio de sol
Amarelando o quintal
As noites de Lua cheia
Que a inspiração clareia

Ouço o canto do pardal
Como som da liberdade
Vejo os moinhos de vento
Sem nenhum prejulgamento

Vejo em cada tempestade
Mais uma oportunidade
Para ter tua mão na minha
Pra não te deixar sozinha

Cavo as covas do teu rosto
Provo teus lábios com gosto
Alço as alças nos teus ombros
Há sombras em teus assombros

Felipe

20/09/2008

PAIXÃO

PAIXÃO

Não. sou.. santo
Não...sou. .tanto
Renego..a...cruz
Acendo. sua luz
Todo. peregrino
É um. ser divino
Toda ..divindade
Faz.. um milagre
Rezo..para..cada .espírito que me queira fazer lírico
Rezo .para cada. santo que .não me. cause espanto
Cometo alguns sacrilégios para obter os privilégios
De. quem peca .um pouco .pra ver se não fica louco
De quem .comete. a loucura com toda desenvoltura
De. quem busca .a verdade da Santíssima Trindade
Os. novos .santos
Têm....quebrantos
Jamais....cochilam
Somente.. vacilam
Se há .. legítima
Se .haverá..vítima
Escolha..a...prece
Acorra..e. apresse
Mostre .a.piedade
Minta de. verdade
Crie a..sua crença
Vá, veja..e..vença
Se.o ateu. é à .toa
Então .toe sua loa
Então.toe .sua. lia
Faça.um novo dia
Cristo aí será feliz
E.não terá cicatriz

Felipe

19/09/2008

VIRADOS PRA LUA






Já está no site http://www.spetaculos.com.br/ mais um capítulo da novela Virados pra Lua. O autor, Leandro Barbieri, é o pioneiro do gênero e esse é o seu quarto trabalho. Leandro vem ganhando espaço na mídia brasileira, com destaque para a TV Cultura e o jornal Estado de São Paulo. Links para algumas matérias:

1) http://mais.uol.com.br/view/102180

Vídeo com a entrevista de Leandro Barbieri e Silvia Cabezaolias para o programa Metrópolis, da TV Cultura

2)http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080724/not_imp211111,0.php

Nota sobre a novela na coluna Entre-Linhas, do jornal Estadão

3)http://www.jt.com.br/editorias/2008/08/06/var-1.94.12.20080806.22.1.xml

Matéria sobre a novela no Jornal da Tarde


Três músicas minhas fazem parte da trilha sonora:

1)Cada um por só
2)O não dito pelo dito (parceria com Didi Moraes)
3)Não precisa mostrar mais nada

Abaixo, está a ficha técnica completa de Virados pra Lua

Abraços!

Felipe


VIRADOS PRA LUA

Ficha Técnica

Novela de: Leandro Barbieri
Direção de: Leandro Barbieri e Silvia Cabezaolias
Produção de Elenco: Marcelo Tadeu

Edição: Silvia Cabezaolias
Abertura: James Eduardo
Produção: Magali Floc e Fabiana Salvi
Fotografia: Gaspar Verde e Dino Dinossauro

Elenco: Valdir Zanquini, Sérgio Thales, Maria José Roth, Renata Tercero, Manoel Lima, Fátima de Almeida, Luis Sandei, Suelli Lima, Lílian Grünvaldt, Júlio César Dória, Aramyz, Cidinha Prado, João Tolo, Sílvia Pessegueiro, Raiani Teichmann, Danilo Mattos, Maria Mizhari, Alexandre Pasqüelli, Ronaldo Michelotto, Marcela Bardini

Trilha Sonora selecionada por: Sacha Sésamo e Leandro Barbieri

Virado Pra Lua – Tema de Abertura: de Leandro Barbieri e Rafael Matheus, Voz: Rafael Matheus

Cada um Por Só – Tema de Aquino, de Felipe Cerquize: Voz: Felipe Cerquize

O não Dito pelo Dito – Tema Geral: De Didi Moraes e Felipe Cerquize - Voz: Didi Moraes

Não Precisa Mostrar mais Nada – Tema de Palerma: De Felipe Cerquize - Voz: Kiko Furtado

Recomeços – Tema de Alfredo: De Caco Bocchi - (Caco também é compositor da trilha incidental da novela)

Problemas no Paraíso – Tema de Tolentino: De Sérgio Casa Nova - Voz: Sérgio Casa Nova - (Fonograma gentilmente cedido pela Toca-Disk)

Sanha – Tema Geral: De Luíz Alberto Machado - Voz: Luíz Alberto Machado

Tira o Sono – Tema de Bárbara: De Magaliery - Voz: Magaliery

Sotaque Soul – Tema de Dário: De Magaliery - Voz: Magaliery

Diz Pra Mim – Tema de Clara: De Léo Verão - Voz: Léo Verão

Tema de Víspota: Banda Moska
Realização
Spetáculos
2008

Outras novelas do autor:

Nos tempos da garoa
Alô alô mulheres
Umas e outras


17/09/2008

SHOW 3 MULHERES EM CURITIBA

O Teatro do Paiol será o palco de um raro encontro musical nos dias 26 e 27 de setembro, às 21 horas. Três mulheres estarão somando seus trabalhos e emoções, mostrando em um espetáculo suas diferentes vivências e o que possuem em comum: a paixão pela música e pela poesia, e uma consolidada parceria artística. Consuelo de Paula trará a tradição da música mineira, de tambores e do samba; Etel Frota a poesia precisa e envolvente; Luhli, os tambores que constrói, e a contundente poesia de sua música, que vem também influenciada pelo blues e produziu sucessos que fizeram a cabeça de toda uma geração. O primeiro encontro destas Três Mulheres será possível através do Edital Música no Teatro do Paiol-2008, da Fundação Cultural de Curitiba. Os espetáculos serão gravados profissionalmente, para um futuro projeto de DVD.

O roteiro do espetáculo, costurado por Etel Frota, foi construído a partir de uma intensa interlocução com Consuelo e Luhli, e faz a trama entre música e poesia, o som do violão e dos tambores com a força das idéias e das palavras. Acompanhadas do violonista João Egashira e do percussionista Leandro Teixeira, as três artistas fundirão seus trabalhos neste show. idealizado pelo produtor Alvaro Collaço e que terá direção e iluminação de Nadja Naira. A anfitriã, Etel Frota, é parceira de Consuelo de Paula e de Luhli. As três se “conheceram” na internet, onde têm mantido um diálogo profundo acerca de poesia e música. O grupo de discussões m-musica, onde se encontraram pela primeira vez, tem sido um celeiro de profícuas parcerias artísticas. Como já escreveu Etel, no prefácio do livro Convers@Rimada, de Luhli e Felipe Cerquize, “...não tenho idéia de quantas canções foram compostas em parceria nas intersecções dessa rede, mas são seguramente centenas, várias centenas. Imagino que alguém, com o devido distanciamento histórico, ainda haverá de escrever sobre isto que temos vivido de forma tão prazerosa e verdadeira...”

“Três Mulheres” traz músicas do repertório de Consuelo de Paula, como “Sete Trovas”, “Pássaro encantado” e “Dança para um poema” e as que integram o último CD de Luhli, como o sucesso “Fala”, conhecido de todos pela interpretação dos Secos & Molhados, (atualmente na trilha sonora da novela “A Favorita”),“Bandolero”, “Antiga” e “Chore-me um rio”, sua versão para ”Cry me a river”, de Arthur Hamilton .

As três mulheres

Consuelo de Paula nasceu em Pratápolis, Minas Gerais. Seu contato com a música vem desde a infância, quando começou a participar de festas folclóricas, prIncipalmente congadas, em sua terra natal. Radicada em São Paulo há vinte anos, possui quatro CDs lançados: “Samba, Seresta e Baião” (1998), “Tambor e Flor” (2002), e “Dança das Rosas” (2004) e a coletânea “Patchwork”, lançada este ano no Japão.Consuelo de Paula realizou recentemente shows em teatros importantes como o Theatro Municipal de São Paulo e o Teatro Gran Rex, de Buenos Aires.

Etel Frota é de Cornélio Procópio e exerceu Medicina até 1997. Desde 1998 trabalha exclusivamente como escritora: poeta, roteirista, letrista, com algumas incursões na ficção e dramaturgia. É a autora do livro e CD “Artigo Oitavo - poesia escrita, falada e cantada”, que teve prefácio de Thiago de Mello e produção musical de Rodolfo Stroeter. É autora da peça teatral “Vila Paraíso”, que recebeu .seis montagens no Paraná. Parceira-letrista de importantes nomes da música, lançou no ano passado o livro virtual “Lyricas- a construção da canção”, com as letras e partituras de algumas dessas canções.

Luhli é compositora e também cantora, violonista, percussionista, poeta e artista gráfica. Suas parcerias com João Ricardo ( “Fala” e “O Vira”), foram imortalizadas pelas vozes do antológico grupo “Secos & Molhados”. Teve canções gravadas por Nana Caymmi, Joyce, Wanderléa, Tetê Espíndola, Rolando Boldrim, Zélia Duncan. Mas seu principal intérprete continua sendo Ney Matogrosso, que gravou 13 de suas composições, entre as quais sucessos como "Napoleão" e "Bandolero". Por quase duas décadas Luhli formou parceria com Lucina, com quem gravou sete discos. É construtora de tambores e faz oficinas de criatividade musical. Lançou dois livros: “O segredo dos gnomos”, com 49 ilustrações de sua autoria, e “Convers@ rimada”, em parceria com o poeta Felipe Cerquize.

Serviço

O show “Três Mulheres”, com Consuelo de Paula, Etel Frota e Luhli, acompanhadas de João Egashira e Leandro Teixeira acontece no Teatro do Paiol, nos dias 26 e 27 de setembro, às 21 horas. Foi possível graças ao edital Música no Teatro do Paiol/ 2008, da Fundação Cultural de Curitiba. A produção executiva é de Alvaro Collaço. Ingressos à venda na bilheteria do Teatro a R$ 15,00 (inteira) e R$ 7,50. Informações pelo fone 3213-1340.

ENTREVISTA NA RÁDIO ROQUETTE PINTO (RJ)

A seguir, um recorte, em dez partes, da entrevista feita pelo Tibério Gaspar com Luhli e Felipe Cerquize, na rádio Roquette Pinto, no dia 15/01/2008, onde os entrevistados falam sobre o livro CONVERSA RIMADA, que está em lançamento, e de seus trabalhos individuais e com outros parceiros. A foto ao lado foi tirada ao término do programa. Da esquerda para a direita: Felipe Cerquize, Tibério Gaspar, Luhli. Toda a filmagem está disponível no You Tube, bastando acessar o endereço relacionado no início de cada item, abaixo, para poder acompanhar a entrevista.

1) http://br.youtube.com/watch?v=oOYUcyaDx0A

Tibério Gaspar faz as apresentações iniciais do programa e coloca para tocar a música O VIRA, parceria da Luhli com o João Ricardo, gravada pelos Secos & Molhados e mais de trinta outros cantores, nas últimas décadas.

O VIRA
(João Ricardo e Luhli)

O gato preto cruzou a estrada
Passou por debaixo da escada.
E lá no fundo azul na noite da floresta.
A lua iluminou a dança, a roda, a festa.
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Vira, vira, lobisomen
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Bailam corujas e pirilampos
entre os sacis e as fadas.
E lá no fundo azul na noite da floresta.
A lua iluminou a dança, a roda, a festa.
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Vira, vira, lobisomen
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Bailam corujas e pirilampos
entre os sacis e as fadas.
E lá no fundo azul na noite da floresta.
A lua iluminou a dança, a roda, a festa.
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Vira, vira, lobisomen
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira

2) http://br.youtube.com/watch?v=15Evjn6Eoqc

Luhli fala um pouco do sucesso de O VIRA e sobre o seu CD, lançado recentemenrte. Tibério Gaspar comenta o trabalho da Luhli com a Lucina e diz como foi apresentado à Luhli, pelo Luiz Carlos Sá, na década de sessenta.

3) http://br.youtube.com/watch?v=He8DSsoY1A8

Luhli fala sobre a m-musica, sobre suas novas parcerias dentro da lista e apresenta o Felipe Cerquize, que também fala um pouco do grupo m-musica, dos vários amigos existentes nela e das parcerias que surgiram lá, inclusive a do livro CONVERSA RIMADA, em parceria com a Luhli. Tibério Gaspar colocou no ar a música COMOVIDA.

COMOVIDA
(Felipe Cerquize e Luhli)

Com quantos nós se faz a trama?
Com quantos ais se cai da cama?
Com que quase se perde o fio?
Com que cera prendo meu pavio?
Com quantos paus se faz a canoa?
Com quantos sais se lava a alma?
Quantos versos rolarão sem pressa
na hora de dizer que a hora é essa?
Colho a rosa que venta na encruzilhada,
entre corações em disparada.
Verso em riste em minha mão armada,
farpeando luz através alvorada.
Fico quieta rastreando a mente,
lagarto quentando na inspiração ardente.
No porre de luz eu fico comovida,
como a vida sou relance entre o milagre e a ferida.
Com quantos nós se faz a trama?
Com quantos ais se cai da cama?
Com que quase se perde o fio?
Com que cera prendo meu pavio?
Com quantos paus se faz a canoa?
Com quantos sais se lava a alma?
Quantos versos rolarão sem pressa
na hora de dizer que a hora é essa?

4) http://br.youtube.com/watch?v=WsF4Bx3cEZE
Comentários do Tibério Gaspar sobre à parceria COMOVIDA (Cerquize e Luhli). Felipe Cerquize fala um pouco sobre os critérios para preparação do livro CONVERSA RIMADA, incluindo a seleção e classificação das poesias, arte final etc.

5) http://br.youtube.com/watch?v=bnJJgWN0J-w
Tibério Gaspar lê a poesia GOTA DE AREIA (Felipe Cerquize), Luhli, Tibério e Cerquize fazem comentários sobre essa e outras poesias do livro. Cerquize comenta sobre as poesias já musicadas (GOTA DE AREIA, por exemplo, é uma parceria com Eduardo Franco). Tibério Gaspar coloca no ar a música EMBOSCADA, cantada por Luhli (segunda, abaixo).

1

GOTA DE AREIA
(Felipe Cerquize)

Braço de areia que invade o mar.
Restinga com água cristalina
de beleza singular.
No talo de sua gota
existe um continente.
No halo do seu entorno
um sol resplandecente.
Não poderia deixar de estar aqui,
já que você me permitiu.
Entre um salto de um peixe voador
e o balé de uma imensa raia,
admiro esta gota de areia,
grão por grão,
analisando a sua composição.
Areia branca, pele morena.
Braços, abraços,
seu rosto em cena
Se a gente fosse alguma coisa aqui,
seria dois pontos e pronto,
como um trema em plena terra firme
Mas é certo que a gente é importante,
pois, se não houvesse nossas vidas,
não haveria nem água cristalina
nem areia branca e fina.

(Poesia musicada por Eduardo Franco)

2

EMBOSCADA
(Luhli e Felipe Cerquize)

Anota agora tudo que eu te digo, me registra
Num gravador barato
Fotos que sirvam de abrigo, arquivos
Da memória no retrato
Na parte interna da minha cabeça
No lobo pragmático da mente
Não quero que o dia anoiteça
Mas beijo a noite que se faz presente
Piscar de olhos que te fotografam
Acenos que me velam e te revelam
Paredes da memória que se esbarram
Esquece, esquece agora
Esquece tudo que eu te disse
Esquecimentos servem de emboscada
De tudo que eu me lembro ou quase nada
Esquece, esquece, esquece agora
Porque o que eu falei não faz sentido
A máquina moderna da mesmice
Repete o mesmo sonho colorido
Mas beijo a noite que se faz presente
Piscar de olhos que te fotografam
Acenos que me velam e te revelam
Paredes da memória que se esbarram
E trazem dores que me desmantelam
Motivos pra lembranças
Esquecimentos são de emboscada
Nas curvas e retas das veras semelhanças
De tudo que me lembro ou quase nada
Esquece, esquece, esquece, esquece agora
Porque o que eu falei não faz sentido
A máquina moderna da mesmice
Repete o mesmo sonho colorido
Mas beijo a noite que se faz presente
Piscar de olhos que te fotografam
Acenos que me velam e te revelam
Paredes da memória que se esbarram
Esquece...

6 )http://br.youtube.com/watch?v=4UmfVnOhBtE

Tibério Gaspar comenta sobre uma das séries do livro, chamada GELADO E DOCE. Comenta sobre o formato gráfico associado ao título de cada série de poesias. Luhli e Cerquize informam sobre os locais onde o livro CONVERSA RIMADA está à venda. Luhli fala dos shows e lançamentos que estão sendo feitos (Bienal do Rio de Janeiro, Santa Teresa (RJ), São Paulo (SP), Rio das Ostras (RJ), Brasília (DF), Miguel Pereira (RJ) etc. Tibério Gaspar coloca no ar a música AZULAR (Felipe Cerquize), que é parte do CD Léguas, lançado em 1999. O livro também pode ser comprado por e-mail, através do endereço conversarimada@gmail.com

AZULAR
(Felipe Cerquize)

De noite a lua esse sertão clareia
exposto sobre o mar de areia
Um velho homem a falar
Daquelas lendas de sertão
Azul azular,estrela estelar
O coro coral na palma das mãos
O azul azulão do dia que vem
Menino no chão e homem também
Pela noite sempre seca
Caipora e bacuraus
Os normais e os anormais
Bate um vento sempre seco
Ressecando temporais
Dando sede aos animais
E as filhas sertanejas lá do arraiais
E os homens sertanejos as querem demais
Azul azular,estrela estelar
O coro coral na palma das mãos
O azul azulão do dia que vem
Menino no chão e homem também

7) http://br.youtube.com/watch?v=QZQj2DFZBk0

Felipe Cerquize fala sobre o CD LÉGUAS e sobre a retomada da sua carreira artística, a partir da década de 90, comentando sobre esse CD e sobre os livros RHUMOR e CONTOS SINISTROS, lançados por ele anteriormente. Cerquize comenta, também, sobre a comunidade do livro no Orkut, cujo link é http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=38152975 . Tibério Gaspar coloca no ar a música FALA, parceria de Luhli com João Ricardo, também gravada pelos Secos & Molhados na década de 70 (a gravação colocada no ar é da Luhli. no seu recente CD).

FALA
(João Ricardo e Luhli)

Eu não sei dizer nada por dizer
Então eu escuto
Se você disser tudo que quiser
Então eu escuto
La la la la la la la la la
Fala
Se eu não entender não vou responder
Então eu escuto
Eu só vou falar na hora de falar
Então eu escuto
La la la la la la la la la
Fala

8) http://br.youtube.com/watch?v=INKfkrPVXB4

Luhli lê uma poesia do Cerquize e vice-versa. Leitura da Luhli:

COMO NOSSOS FILHO

Nosso alento é perceber
que apesar dos descaminhos
e do corpo envelhecido
entre mágoas e feridas
ainda temos um pouco do passado,
ainda cremos em tudo que era errado.
Há um gume em nós que não amola
e um outro que aos poucos nos degola.
No bagaço, a carcaça se arrasta,
disfarçada em um terno com gravata,
procurando ilusões mal resolvidas
que o tempo e o dinheiro apagaram
Se por fora se vê que não fizemos
boa parte de tudo que dissemos,
pelo lado de dentro ainda temos
o lirismo que modifica a vida
Nosso alento é perceber
que apesar dos desencontros
ainda acreditamos que podemos ser
como nossos filhos
(Esta poesia foi vencedora do Prêmio FEUC 2007)

Leitura do Cerquize:

VERTIGEM
(Luhli)

Um copo vazio cheio de ar
Um corpo sozinho prenhe de cio
Ralo do funil vértice do cone
Vertigem e deleite a espiral da fome
Careço de mim que a ti me ofereço
Careço da essência do adereço
Encarecidamente fixo o preço
Por valer tão pouco fico por um fio
Entre a lucidez desvairada
E a loucura controlada
Percebendo o pedaço para intuir o inteiro
Tecendo minha lã em pleno fevereiro
Sonhando com verdades e urdindo fantasias
Sou uma estrela invisível em pleno dia
Estou onde a ampulheta é a fuga da areia
Embarco no chamado do imã lua cheia
Agarro a gargalhada e choro de alegria.
Depois da leitura das poesias, Tibério Gaspar coloca no ar a música ABSINTO. Essa poesia faz parte da série EMBRIAGUEZ, do livro CONVERSA RIMADA.

ABSINTO
(Denise Dalmacchio e Felipe Cerquize)

Absinto, muito absinto
por tudo que eu não fiz.
Cada palavra na orelha,
cada pedrada na telha,
cada trago abandonado
cada palavrão censurado
Absinto, ah como sinto
pela morte que não quis
Tudo leva ao sentimento
que não foi firmamento.
Abnego abilolado,
obtuso e obturado.
De Fantomas a fantoche,
do elogio ao deboche,
do piercing que fiz do broche.
E a vida vai por um triz

9) http://br.youtube.com/watch?v=Bfa-eD6RwGY

Tibério Gaspar pergunta sobre a parceria da Luhli com a Lucina, chamada BANDOLERO, gravada por Ney Matogrosso. Luhli fala detalhes sobre a parceria e também sobre a sua relação artística com o Ney Matogrosso, a quem já conhecia muito antes dos Secos & Molhados aparecerem na mídia. O projeto da Luhli, para 2008, é um show só com músicas dela gravadas pelo Ney Matogrosso, chamado NEY E EU.

10) http://br.youtube.com/watch?v=vtvtRZlwx4c

Tibério Gaspar inicia as despedidas para o término do programa e passa a palavra para a Luhli e para o Cerquize, para seus comentários finais. Tibério Gaspar termina a entrevista colocando no ar a música BANDOLERO, canatada pela Luhli (parte do seu novo CD).

BANDOLERO
(Luhli e Lucina)

Fossem ciganos a levantar poeira
A misturar nas patas terra de outras terras
Ares de outras matas
Eu, bandoleiro, no meu cavalo alado
Na mão direita o fado
Jogando sementes nos campos da mente
E se falasses magia, sonho e fantasia
E se falasses encanto, quebranto e condão
Não te enganarias, não te enganarias
Não te enganarias, não....
...Feitiço, transe, viagem, alucinação...
Miragem!

16/09/2008

CEM ANOS RUMO À SOLIDÃO


Nascido no dia 18 de setembro de 1904, Américo passou a dar atenção para bolas quando, por acaso, o novelo de lã da sua avó caiu-lhe nos pés e ele, num reflexo condicionado, deu um chute no apetrecho, acertando a boca do gato. Tinha seus 5 anos, mas, dali para frente, nunca hesitou um chute. Era só aparecer um objeto esférico na sua frente, que ele idealizava uma meta para tentar pôr em prática.

Na primeira década do século XX também começaram a se estabelecer os primeiros campeonatos de futebol no Brasil. No Rio de Janeiro, os clubes passaram a incorporar o football como parte de suas programações e o que era uma atividade esportiva de elite aos poucos foi se tornando popular.

Américo só começou a prestar atenção nesse esporte, quando o América Football Club foi campeão pela primeira vez, em 1913, ao vencer por 1 x 0 a equipe do São Cristóvão. A associação do seu nome com o do clube e a atração inexplicável pelo objeto do desejo daquele esporte fizeram com que ele se tornasse um torcedor apaixonado, daqueles que acompanham a equipe em qualquer ocasião. Mesmo ainda sendo menor de idade, burlava os olhos argutos dos pais para assistir a uma partida do América. Foi ele que, em 1914, com seus 10 anos de idade, criou o apelido de “pó de arroz”, aplicado até hoje ao Fluminense, porque Carlos Alberto Fonseca Neto, que era mulato e jogou no América, entrou no campo tendo que disfarçar a cor de sua pele ao jogar pelo tricolor.

Em 1916, o América conquistou o título estadual, de novo com uma vitória de 1 x 0 sobre o São Cristóvão. Naquele mesmo ano, diante de tanta empolgação, Américo resolveu se apresentar como candidato às equipes de base do clube e conseguiu ficar por lá. Em 1921, estreou como profissional, durante uma excursão invicta, na Bahia, contra equipes locais. Em 1922, finalmente, pôde presenciar um título do América estando dentro do campo.

Os 15 anos em que Américo jogou no América foram a fase de ouro do clube. Até 1936, o América havia acumulado seis títulos estaduais, quatro dos quais com a sua presença como centro-avante. Naquele ano, por causa de uma séria contusão no joelho e devido à própria idade, ele resolveu pendurar as chuteiras para continuar acompanhando o clube somente como torcedor. Com sua saída, por coincidência, os títulos se tornaram escassos. O máximo que o América passou a conseguir foram alguns campeonatos na categoria juvenil. Em 1951, chegou até a contratar Heleno de Freitas a peso de ouro, mas o jogador atuou em apenas uma partida.

Américo, que sofria desesperadamente com a carência de títulos do clube, tentava de tudo que estava a seu alcance para fazer com que o América recuperasse o seu prestígio, Em meados da década de 50, havia somente metade da quantidade de torcedores da época do sexto título estadual. Tudo isso era revoltante, porque a impressão era de que os cartolas não estavam fazendo nada para reverter a situação. No entanto, graças a uma mobilização junto à torcida e aos cartolas do clube, feita por Américo, finalmente, em 1960, a equipe despertou de um pesadelo de 25 anos e foi campeão estadual pela sétima vez, tornando-se o primeiro campeão do Estado da Guanabara, ao vencer o Fluminense por 2 x 1. Muitas comemorações pelo título e troféus, tais como o de craque do ano (João Carlos), o de técnico do ano (Jorge Vieira) e o de jogador revelação (Djalma Dias). Porém, dali para frente, a década levou poucas alegrias e muitas tristezas ao clube.

Em 1962, morreu Oswaldinho, campeão do centenário da independência, tido como o melhor jogador do América de todos os tempos, que fez muitos gols a partir de tabelinhas começadas com Américo. Em 1963, morreu Lamartine Babo, o mais ilustre dos americanos e autor do hino do clube, que alguns consideram o mais bonito de todos os hinos desportivos e outros insistem em dizer que não passa de plágio de uma música feita por William Jerome e Jimmie Monaco. No final das contas, a década de 60 serviu muito mais para evidenciar a decadência do América Football Club do que para destacá-lo entre as grandes equipes do Rio de Janeiro.

Em 1970, em censo encomendado pela diretoria do clube, foram contabilizados 10572 torcedores do América na Cidade Maravilhosa. O clube que fora o inspirador da fundação de outros, como o América Mineiro e o América do Rio Grande do Norte, minguava a sua torcida por falta de bons resultados. Nessa época, Américo já estava com 66 anos, mas ainda se comportava como uma criança, quando o assunto era o seu querido Rubro. Devido à artrose, sequer ameaçava chutes em bolas ou novelos de lã, mas sempre procurava colaborar com idéias junto à diretoria, como, por exemplo, a da contratação do Técnico Otto Glória, em 1970, e a de demissão do técnico Zezé Moreira, em 1971, que deu um soco no jogador Edu por ter chutado contra o próprio gol em resposta à sua substituição durante uma partida do campeonato carioca. Em 1974, repetindo 1928 e 1960, o América derrotou o Fluminense numa final de campeonato, sagrando-se, pela primeira vez, campeão da Taça Guanabara.

Em 1980, um novo censo sob encomenda da diretoria, apontou a existência de 4250 torcedores do Mequinha no Rio de Janeiro. Diante da evidente atrofia, em 1982, a nova diretoria do clube investiu milhares de dólares, na esperança de reverter a situação. Naquele ano, na Taça Guanabara, o América acabou em quinto lugar. Também começou mal a Taça Rio, ao perder para o Botafogo de 3 x 1, mas chegou à final e foi campeão num ano histórico para a agremiação, ao vencer o Fluminense, velho adversário derrotado de finais, por 4 x 2. Nesse ano, a mesma equipe também obteve o título de “Campeão dos Campeões”, vencendo o Guarani na final, sendo este o seu primeiro título nacional.

Campeão dos Campeões. Ironicamente, esse foi o último título de futebol conquistado pelo América Football Club. Em 1990, Américo já estava com 86 anos, mas mostrava muita força e uma indignação enorme pelo que acontecia ao seu querido clube. Com uma parte do dinheiro que reuniu na vida, mandou, ele mesmo, uma contribuição para que o IBGE, no Rio de Janeiro, incluísse a informação sobre o clube de futebol para o qual o recenseado torcia. O resultado foi de apenas 1450 torcedores para o Rubro.

A década de 90 foi completamente inexpressiva para o clube. No início do século XXI, o time voltou a aparecer na primeira divisão do campeonato carioca, mas com resultados pífios. Nos discursos dos cartolas, numa tentativa de amenizar a tragédia, a célebre frase de Carvalhal, presidente do América na década de 70, era rememorada: “O América sabe vencer sem humilhar e perder sem se humilhar”. Pura retórica.

Américo e América completam 104 anos no dia 18 de setembro de 2008. Pouquíssimos são os que têm interesse em saber sobre o resultado dos jogos desse clube carioca. Todos que ainda preservam a memória do América Football Club não querem nem a sua morte nem a do seu torcedor mais velho, que ainda faz questão de assistir a todos os jogos que acontecem em Edson Passos.
Felipe Cerquize

14/09/2008

CD SAGRADO PROFANO NO MYSPACE

O meu parceiro Felipe Radicetti acaba de disponibilizar no MySpace seis músicas do seu novo CD, Sagrado Profano. Endereço: www.myspace.com/feliperadicetti

"Radicetti em 2008 lança seu 3º CD, SagradoProfano, um ciclo de canções que, através das letras e na estrutura musical, procura refletir as tradições e a fé religiosa afro-brasileira. Assim como em trabalhos anteriores, os instrumentos acústicos estão integrados a elementos de música eletrônica"

Uma das músicas que foram para o MySpace é a nossa parceria intitulada Medida. Convido vocês, então, a ouvirem as seis canções desse competente músico brasileiro.


MEDIDA
Música: Felipe Radicetti
Letra: Felipe Cerquize
Voz: Juliana Rubim
Piano acústico e órgão Hammond B-3: Felipe Radicetti
Violão e percussões complementares: João Cantiber
Arranjo, programação de base eletrônica e baixo seqüenciado por Felipe Radicetti

Nem tão forte que nos tire o norte
Nem tão lento que não faça vento
Nem tão dentro que morra no centro
Nem tão fora que deva ir embora
Que deva ir embora
Nem retrato como substrato
Nem miragem como sabotagem
Nem tão certo que nos deixe perto
Nem tão falho que evite o atalho
Evite o atalho

Nem tão alto que tombe do salto
Nem tão baixo, senão não encaixo
Nem tão longo que abafe o gongo
Nem tão curto que suma num surto
Nem tão curto

Nem tão feio que cause o receio
Nem tão belo que leve ao flagelo
Nem tão bravo que chegue ao agravo
Nem tão manso, senão eu me canso
Nem tão belo
Nem tão chique que tenha chilique
Nem tão brega que entregue a regra
Nem tortura numa ditadura
Nem ser dono do próprio abandono

Nem tão forte que morra no centro
Nem tão lento que deva ir embora
Nem tão dentro que nos tire o norte
Nem tão fora que fique ao relento
Que não faça vento

Nem retrato que nos deixe perto
Nem miragem que evite o atalho
Nem tão certo como substrato
Nem tão falho como sabotagem
Evite o atalho

Nem tão alto que abafe o gongo
Nem tão baixo que suma num surto
Nem tão longo que tombe do salto
Nem tão curto senão não encaixo
Nem tão curto

Nem tão feio que chegue ao agravo
Nem tão belo, senão eu me canso
Nem tão bravo que cause receio
Nem tão manso que leve ao flagelo
Nem tão belo

Nem tão chique que tenha chilique
Nem tão brega que entregue a regra
Nem tortura numa ditadura
Nem ser dono do próprio abandono

Muito fria, congela a poesia
Muito quente, queima o amor da gente.

BURT BACHARACH POR TONINHO SPESSOTO

O Jornal do Brasil convidou o querido amigo Toninho Spessoto para escrever um artigo sobre Burt Bacharach, que foi publicado hoje (14/09/2008) e está disponível nas versões impressa e eletrônica. Toninho é jornalista, radialista e produtor e vai lançar em 2009 um CD com canções de Burt Bacharach que realçam as influências da MPB em sua obra. Ele também é um letrista bissexto e, recentemente, tive o prazer de musicar uma letra sua, cujo resultado poderá ser ouvido no link http://www.mp3tube.net/musics/Felipe-Cerquize-Dama-Felipe-Cerquize-e-Toninho-Spessoto/195535/ .

Para facilitar, transcrevi o artigo do Toninho para esta mensagem (abaixo). Porém, se alguém quiser ler a matéria no próprio JB, clique em http://ee.jornaldobrasil.com.br/reader/?ed=1470&ca=7&num=48 . A matéria é capa do Caderno B.


DÍVIDA DE GRATIDÃO COM A MPB

Nesta sexta-feira, em seu site oficial, o compositor Burt Bacharach anunciou turnê brasileira em 2009. Aos 80 anos, vai refazer laços com a bossa nova e o baião, que mudaram sua obra na década de 60.

Toninho Spessoto

ESPECIAL PARA O JORNAL DO BRASIL

Compositor, maestro, arranjador, pianista, Burt Bacharach volta ao Brasil em abril de 2009, 10 anos após sua última visita. Em seu site oficial, anunciou nesta sexta-feira apresentações em Curitiba (dia 11, no Teatro Positivo), Porto Alegre (13, Teatro do Sesi), São Paulo (15 e 16, em lugar a ser confirmado) e Rio (17, no Citibank Hall). Um dos maiores gênios da história da música, o único gravado por The Beatles (Baby, it’s you), Elvis Presley (Any day now) e Frank Sinatra (Close to you e Wives and lovers), Bacharach, que completou 80 anos em maio, segue fazendo turnês regularmente. Só em 2008 já passou por Japão, Austrália, Canadá e várias cidades dos Estados Unidos. Até dezembro volta ao Canadá e faz concertos na Itália. Em 2005, surpreendeu público e crítica com o álbum At this time. Programado inicialmente para lançamento apenas na Inglaterra, acabou saindo em todo o mundo. Pela primeira vez assinou letras, algumas bastante ácidas, atacando os desmandos de George W. Bush, casos de Please explain, Where did it go? e Who are these people. Com participações de Elvis Costello e Rufus Wainwright e loops criados por Dr. Dre, traz, em alguns temas, flertes com o hip hop.

A vida, entretanto, não tem lhe sorrido, como parece na foto ao lado. No início de 2007, uma tragédia se abateu sobre o compositor americano. Nikki, sua filha mais velha, do casamento com Angie Dickinson, de quem se separara na década de 70, se suicidou, aos 40 anos. Ela sofria de uma espécie rara de autismo. O pianista se recolheu por alguns meses, mas retomou o trabalho. Hoje vem ampliando o leque de parceiros. Além de refazer os laços com Hal David, escreve com Tonio K., John Bettis e Will Jennings. No fim de 2007, fez uma canção com Brian Wilson (Beach Boys) e está compondo novamente com Elvis Costello, o que pode gerar um novo CD para 2009. Estão previstos para sair o disco e DVD Burt Bacharach live at Sydney Opera House, pela Verve, maior gravadora de jazz do mundo.

Bacharach esteve no Rio em outubro de 1999, para um memorável espetáculo no antigo Metropolitan, atual Citibank Hall. Apresentou clássicos e canções do então recém-lançado álbum Painted from memory, gravado em parceria com o inglês Elvis Costello. Passou por aqui pela primeira vez em 1959. Era então o diretor musical das turnês da cantora e atriz alemã Marlene Dietrich. A estrela e o maestro se apresentaram no Golden Room do Copacabana Palace, no Rio, e no Teatro Record, em São Paulo. O show da capital paulista foi transmitido pela TV Record. Nessa visita, foi apresentado à recém-nascida bossa nova e conheceu, assistindo a apresentações de grupos populares, o baião. Os dois gêneros o influenciaram decisivamente. Por diversas vezes afirmou que sua música "nunca mais foi a mesma depois de conhecer a bossa nova e o baião". Surgiram daí The look of love e (There's) always something there to remind me, porções dessas duas influências. De fato, as composições de Bacharach traziam até aquele momento influências das canções americanas tradicionais e até da country music.

Começou a carreira em 1952, apresentando um programa de rádio pela emissora das Forças Armadas americanas na Alemanha. Apaixonado por jazz, mostrava no rádio gravações de Dizzy Gillespie, Charlie Parker e Miles Davis. Naquele ano teve sua primeira composição gravada, a instrumental Once in a blue moon, por Nat King Cole. De volta à América, passou a trabalhar como pianista de Steve Lawrence e dos Ames Brothers. Em 1957 conheceu o letrista Hal David, que se tornaria seu mais importante parceiro. No mesmo ano a dupla teve seu primeiro hit, a balada country The story of my life, que liderou as paradas nos Estados Unidos e na Inglaterra.

Nos anos 60 nasceram clássicos como I say a little prayer e Alfie. Nos 70, ganhou dois Oscar com o filme Butch Cassidy & The Sundance Kid (pela canção Raindrops keep fallin' on my head, interpretada por B.J. Thomas, e pela trilha instrumental). Em 1973, fracassou com a trilha (com David) de Horizonte perdido (só fez sucesso no Brasil). A parceria foi interrompida nessa época. O letrista não aceitava o fato de o maestro fazer muitos shows e se dedicar pouco à composição.
Em 1978 veio de novo ao Brasil, fazendo shows no Canecão (Rio) e Palácio das Convenções (São Paulo). Os espetáculos paulistanos foram gravados pela TV Tupi. Deprimido e compondo menos, Bacharach esteve no Rio várias vezes. Era comum vê-lo em boates, sozinho, por vezes tocando piano.

Em 1980, retomou o sucesso. Casado com a letrista Carole Bayer Sager, passou a compor com ela. O casal ganhou o Oscar de canção por Best that you can do, tema da comédia Arthur, o milionário sedutor. Entre os grandes hits da parceria Bacharach-Sager, está That's what friends are for. Foi feita originalmente para o filme Corretores do amor e gravada por Rod Stewart. Burt detestou a leitura do cantor escocês. Três anos depois, deu-a para Dionne Warwick, que a gravou ao lado de Elton John, Gladys Knight e Stevie Wonder.

No fim da década, divorciou-se de Carole Bayer Sager e sofreu um novo período de baixa. Em 1994, foi redescoberto pelos ingleses do Oasis, que colocaram uma foto sua na capa do disco Definitely maybe. A partir daí, as novas gerações passaram a cultuar as criações do maestro.

Em 1996, Burt Bacharach iniciou a parceria com Elvis Costello, fazendo a canção God give me strength para o filme A voz do meu coração. Dois anos depois, a dupla lançou o álbum Painted from memory, premiado com o Grammy de Melhor Trabalho em Duo ou Grupo. Em 1997 várias canções de Bacharach foram usdas na trilha do filme O casamento do meu melhor amigo. A partir daí, não mais parou, como se confirma nessa nova turnê.

Toninho Spessoto é jornalista, radialista e produtor e vai lançar em 2009 um CD com canções de Burt Bacharach que realçam as influências da MPB em sua obra

11/09/2008

ESPREITA

Não tem jeito,
está escrito,
apesar de ser restrito.

Conto anos,
meses, horas.
Floreio o que tu afloras.

Faço a vida,
o sono, a morte,
mesmo que ninguém se importe.

Está escrito,
não tem jeito:
só exprimo o que eu espreito.

Felipe

10/09/2008

"COMOVIDA" EM 2º lUGAR NA RADIONLINE

Há três semanas, essa minha parceria com a Luhli está entre as dez mais ouvidas da Radionline. Esta semana, "Comovida" pulou do sexto para o segundo lugar. Visitem o site do CCB (http://www.clubedoscompositores.com.br/) e procurem pelo quadro onde está escrito RADIONLINE CCB. Chegando lá, é só clicar no título da música para ouvi-la. Abraços! Felipe

04/09/2008

ESSE SOU EU


Esse sou eu
Um pouco mais velho
Sem fé no evangelho
Com a alma largada
Face enrugada
Preso na moldura
Da minha amargura
Querendo sossego
Pedindo arrego
Abrindo a porta
Pra Inês que é morta
Preso no retrato
Meio abstrato
Não vendo a hora
Para ir embora

Felipe