17/09/2008

ENTREVISTA NA RÁDIO ROQUETTE PINTO (RJ)

A seguir, um recorte, em dez partes, da entrevista feita pelo Tibério Gaspar com Luhli e Felipe Cerquize, na rádio Roquette Pinto, no dia 15/01/2008, onde os entrevistados falam sobre o livro CONVERSA RIMADA, que está em lançamento, e de seus trabalhos individuais e com outros parceiros. A foto ao lado foi tirada ao término do programa. Da esquerda para a direita: Felipe Cerquize, Tibério Gaspar, Luhli. Toda a filmagem está disponível no You Tube, bastando acessar o endereço relacionado no início de cada item, abaixo, para poder acompanhar a entrevista.

1) http://br.youtube.com/watch?v=oOYUcyaDx0A

Tibério Gaspar faz as apresentações iniciais do programa e coloca para tocar a música O VIRA, parceria da Luhli com o João Ricardo, gravada pelos Secos & Molhados e mais de trinta outros cantores, nas últimas décadas.

O VIRA
(João Ricardo e Luhli)

O gato preto cruzou a estrada
Passou por debaixo da escada.
E lá no fundo azul na noite da floresta.
A lua iluminou a dança, a roda, a festa.
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Vira, vira, lobisomen
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Bailam corujas e pirilampos
entre os sacis e as fadas.
E lá no fundo azul na noite da floresta.
A lua iluminou a dança, a roda, a festa.
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Vira, vira, lobisomen
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Bailam corujas e pirilampos
entre os sacis e as fadas.
E lá no fundo azul na noite da floresta.
A lua iluminou a dança, a roda, a festa.
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira
Vira, vira, lobisomen
Vira, vira, vira
Vira, vira, vira homem, vira, vira

2) http://br.youtube.com/watch?v=15Evjn6Eoqc

Luhli fala um pouco do sucesso de O VIRA e sobre o seu CD, lançado recentemenrte. Tibério Gaspar comenta o trabalho da Luhli com a Lucina e diz como foi apresentado à Luhli, pelo Luiz Carlos Sá, na década de sessenta.

3) http://br.youtube.com/watch?v=He8DSsoY1A8

Luhli fala sobre a m-musica, sobre suas novas parcerias dentro da lista e apresenta o Felipe Cerquize, que também fala um pouco do grupo m-musica, dos vários amigos existentes nela e das parcerias que surgiram lá, inclusive a do livro CONVERSA RIMADA, em parceria com a Luhli. Tibério Gaspar colocou no ar a música COMOVIDA.

COMOVIDA
(Felipe Cerquize e Luhli)

Com quantos nós se faz a trama?
Com quantos ais se cai da cama?
Com que quase se perde o fio?
Com que cera prendo meu pavio?
Com quantos paus se faz a canoa?
Com quantos sais se lava a alma?
Quantos versos rolarão sem pressa
na hora de dizer que a hora é essa?
Colho a rosa que venta na encruzilhada,
entre corações em disparada.
Verso em riste em minha mão armada,
farpeando luz através alvorada.
Fico quieta rastreando a mente,
lagarto quentando na inspiração ardente.
No porre de luz eu fico comovida,
como a vida sou relance entre o milagre e a ferida.
Com quantos nós se faz a trama?
Com quantos ais se cai da cama?
Com que quase se perde o fio?
Com que cera prendo meu pavio?
Com quantos paus se faz a canoa?
Com quantos sais se lava a alma?
Quantos versos rolarão sem pressa
na hora de dizer que a hora é essa?

4) http://br.youtube.com/watch?v=WsF4Bx3cEZE
Comentários do Tibério Gaspar sobre à parceria COMOVIDA (Cerquize e Luhli). Felipe Cerquize fala um pouco sobre os critérios para preparação do livro CONVERSA RIMADA, incluindo a seleção e classificação das poesias, arte final etc.

5) http://br.youtube.com/watch?v=bnJJgWN0J-w
Tibério Gaspar lê a poesia GOTA DE AREIA (Felipe Cerquize), Luhli, Tibério e Cerquize fazem comentários sobre essa e outras poesias do livro. Cerquize comenta sobre as poesias já musicadas (GOTA DE AREIA, por exemplo, é uma parceria com Eduardo Franco). Tibério Gaspar coloca no ar a música EMBOSCADA, cantada por Luhli (segunda, abaixo).

1

GOTA DE AREIA
(Felipe Cerquize)

Braço de areia que invade o mar.
Restinga com água cristalina
de beleza singular.
No talo de sua gota
existe um continente.
No halo do seu entorno
um sol resplandecente.
Não poderia deixar de estar aqui,
já que você me permitiu.
Entre um salto de um peixe voador
e o balé de uma imensa raia,
admiro esta gota de areia,
grão por grão,
analisando a sua composição.
Areia branca, pele morena.
Braços, abraços,
seu rosto em cena
Se a gente fosse alguma coisa aqui,
seria dois pontos e pronto,
como um trema em plena terra firme
Mas é certo que a gente é importante,
pois, se não houvesse nossas vidas,
não haveria nem água cristalina
nem areia branca e fina.

(Poesia musicada por Eduardo Franco)

2

EMBOSCADA
(Luhli e Felipe Cerquize)

Anota agora tudo que eu te digo, me registra
Num gravador barato
Fotos que sirvam de abrigo, arquivos
Da memória no retrato
Na parte interna da minha cabeça
No lobo pragmático da mente
Não quero que o dia anoiteça
Mas beijo a noite que se faz presente
Piscar de olhos que te fotografam
Acenos que me velam e te revelam
Paredes da memória que se esbarram
Esquece, esquece agora
Esquece tudo que eu te disse
Esquecimentos servem de emboscada
De tudo que eu me lembro ou quase nada
Esquece, esquece, esquece agora
Porque o que eu falei não faz sentido
A máquina moderna da mesmice
Repete o mesmo sonho colorido
Mas beijo a noite que se faz presente
Piscar de olhos que te fotografam
Acenos que me velam e te revelam
Paredes da memória que se esbarram
E trazem dores que me desmantelam
Motivos pra lembranças
Esquecimentos são de emboscada
Nas curvas e retas das veras semelhanças
De tudo que me lembro ou quase nada
Esquece, esquece, esquece, esquece agora
Porque o que eu falei não faz sentido
A máquina moderna da mesmice
Repete o mesmo sonho colorido
Mas beijo a noite que se faz presente
Piscar de olhos que te fotografam
Acenos que me velam e te revelam
Paredes da memória que se esbarram
Esquece...

6 )http://br.youtube.com/watch?v=4UmfVnOhBtE

Tibério Gaspar comenta sobre uma das séries do livro, chamada GELADO E DOCE. Comenta sobre o formato gráfico associado ao título de cada série de poesias. Luhli e Cerquize informam sobre os locais onde o livro CONVERSA RIMADA está à venda. Luhli fala dos shows e lançamentos que estão sendo feitos (Bienal do Rio de Janeiro, Santa Teresa (RJ), São Paulo (SP), Rio das Ostras (RJ), Brasília (DF), Miguel Pereira (RJ) etc. Tibério Gaspar coloca no ar a música AZULAR (Felipe Cerquize), que é parte do CD Léguas, lançado em 1999. O livro também pode ser comprado por e-mail, através do endereço conversarimada@gmail.com

AZULAR
(Felipe Cerquize)

De noite a lua esse sertão clareia
exposto sobre o mar de areia
Um velho homem a falar
Daquelas lendas de sertão
Azul azular,estrela estelar
O coro coral na palma das mãos
O azul azulão do dia que vem
Menino no chão e homem também
Pela noite sempre seca
Caipora e bacuraus
Os normais e os anormais
Bate um vento sempre seco
Ressecando temporais
Dando sede aos animais
E as filhas sertanejas lá do arraiais
E os homens sertanejos as querem demais
Azul azular,estrela estelar
O coro coral na palma das mãos
O azul azulão do dia que vem
Menino no chão e homem também

7) http://br.youtube.com/watch?v=QZQj2DFZBk0

Felipe Cerquize fala sobre o CD LÉGUAS e sobre a retomada da sua carreira artística, a partir da década de 90, comentando sobre esse CD e sobre os livros RHUMOR e CONTOS SINISTROS, lançados por ele anteriormente. Cerquize comenta, também, sobre a comunidade do livro no Orkut, cujo link é http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=38152975 . Tibério Gaspar coloca no ar a música FALA, parceria de Luhli com João Ricardo, também gravada pelos Secos & Molhados na década de 70 (a gravação colocada no ar é da Luhli. no seu recente CD).

FALA
(João Ricardo e Luhli)

Eu não sei dizer nada por dizer
Então eu escuto
Se você disser tudo que quiser
Então eu escuto
La la la la la la la la la
Fala
Se eu não entender não vou responder
Então eu escuto
Eu só vou falar na hora de falar
Então eu escuto
La la la la la la la la la
Fala

8) http://br.youtube.com/watch?v=INKfkrPVXB4

Luhli lê uma poesia do Cerquize e vice-versa. Leitura da Luhli:

COMO NOSSOS FILHO

Nosso alento é perceber
que apesar dos descaminhos
e do corpo envelhecido
entre mágoas e feridas
ainda temos um pouco do passado,
ainda cremos em tudo que era errado.
Há um gume em nós que não amola
e um outro que aos poucos nos degola.
No bagaço, a carcaça se arrasta,
disfarçada em um terno com gravata,
procurando ilusões mal resolvidas
que o tempo e o dinheiro apagaram
Se por fora se vê que não fizemos
boa parte de tudo que dissemos,
pelo lado de dentro ainda temos
o lirismo que modifica a vida
Nosso alento é perceber
que apesar dos desencontros
ainda acreditamos que podemos ser
como nossos filhos
(Esta poesia foi vencedora do Prêmio FEUC 2007)

Leitura do Cerquize:

VERTIGEM
(Luhli)

Um copo vazio cheio de ar
Um corpo sozinho prenhe de cio
Ralo do funil vértice do cone
Vertigem e deleite a espiral da fome
Careço de mim que a ti me ofereço
Careço da essência do adereço
Encarecidamente fixo o preço
Por valer tão pouco fico por um fio
Entre a lucidez desvairada
E a loucura controlada
Percebendo o pedaço para intuir o inteiro
Tecendo minha lã em pleno fevereiro
Sonhando com verdades e urdindo fantasias
Sou uma estrela invisível em pleno dia
Estou onde a ampulheta é a fuga da areia
Embarco no chamado do imã lua cheia
Agarro a gargalhada e choro de alegria.
Depois da leitura das poesias, Tibério Gaspar coloca no ar a música ABSINTO. Essa poesia faz parte da série EMBRIAGUEZ, do livro CONVERSA RIMADA.

ABSINTO
(Denise Dalmacchio e Felipe Cerquize)

Absinto, muito absinto
por tudo que eu não fiz.
Cada palavra na orelha,
cada pedrada na telha,
cada trago abandonado
cada palavrão censurado
Absinto, ah como sinto
pela morte que não quis
Tudo leva ao sentimento
que não foi firmamento.
Abnego abilolado,
obtuso e obturado.
De Fantomas a fantoche,
do elogio ao deboche,
do piercing que fiz do broche.
E a vida vai por um triz

9) http://br.youtube.com/watch?v=Bfa-eD6RwGY

Tibério Gaspar pergunta sobre a parceria da Luhli com a Lucina, chamada BANDOLERO, gravada por Ney Matogrosso. Luhli fala detalhes sobre a parceria e também sobre a sua relação artística com o Ney Matogrosso, a quem já conhecia muito antes dos Secos & Molhados aparecerem na mídia. O projeto da Luhli, para 2008, é um show só com músicas dela gravadas pelo Ney Matogrosso, chamado NEY E EU.

10) http://br.youtube.com/watch?v=vtvtRZlwx4c

Tibério Gaspar inicia as despedidas para o término do programa e passa a palavra para a Luhli e para o Cerquize, para seus comentários finais. Tibério Gaspar termina a entrevista colocando no ar a música BANDOLERO, canatada pela Luhli (parte do seu novo CD).

BANDOLERO
(Luhli e Lucina)

Fossem ciganos a levantar poeira
A misturar nas patas terra de outras terras
Ares de outras matas
Eu, bandoleiro, no meu cavalo alado
Na mão direita o fado
Jogando sementes nos campos da mente
E se falasses magia, sonho e fantasia
E se falasses encanto, quebranto e condão
Não te enganarias, não te enganarias
Não te enganarias, não....
...Feitiço, transe, viagem, alucinação...
Miragem!

Um comentário:

Fred Matos disse...

É a minha segunda visita, Felipe.
O blog está ótimo.
Parabéns!