Chegamos ao fim de mais um ano do século XXI
Algumas tragédias não foram de rotina
Algumas amizades tornaram-se intensas
Outras não se mostraram muito amistosas
Mais um ano em que não pude ter o que sonhei
Não deu para não ver crianças mendigando
Não deu para não ver pessoas se matando
Nem a felicidade nos olhos do vendedor que me enganou
Para os próximos anos que virão
Desejo que todas as previsões ruins não se confirmem
Desejo mais expectativa de vida para todos
Desejo a multiplicação das fraternidades ocasionais
Quero que o homem se preocupe mais com a Terra
E menos com a geografia do solo marciano
Quero que a possibilidade de livre comércio
Não venha acompanhada de atos protecionistas
Ficaria satisfeito se houvesse alimento para todos
Se as doenças incuráveis fossem coisa do passado
Se nenhuma frustração se transformasse em depressão
Se as grandes paixões sempre fossem correspondidas
Que nenhum filho morra enquanto os pais estiverem vivos
Que ninguém morra com a percepção de falta de solidariedade
Que para as nossas conquistas não haja derrotados
Que a visão de uma estrela vésper efetivamente inspire a todos
Que não tenhamos nem a seca nem as enchentes
Que não sejamos nem óbvios nem enigmáticos
Que compreendamos a real distância entre o discurso e a prática
Para que assim ajudemos a distribuir melhor o pão
Felipe Cerquize
31/12/2008
27/12/2008
EMPEDERNIDA
Atirar numa pessoa ou desejar feliz Natal:
o que você considera uma coisa normal?
O que faz você sentir vergonha:
a dura realidade ou as coisas com que sonha?
Balas perdidas, razões desencontradas,
convulsões e convicções erradas.
Saudades dos gestos gentis de uma sociedade
que hoje ignora a sua generosidade.
Imploro para que não me atropele na esquina.
Suplico para que me poupe de viver sua rotina
Porém, se mesmo assim, eu encontrar meu assassino,
peço que me deixe chegar só ao meu destino.
Felipe Cerquize
o que você considera uma coisa normal?
O que faz você sentir vergonha:
a dura realidade ou as coisas com que sonha?
Balas perdidas, razões desencontradas,
convulsões e convicções erradas.
Saudades dos gestos gentis de uma sociedade
que hoje ignora a sua generosidade.
Imploro para que não me atropele na esquina.
Suplico para que me poupe de viver sua rotina
Porém, se mesmo assim, eu encontrar meu assassino,
peço que me deixe chegar só ao meu destino.
Felipe Cerquize
26/12/2008
DESAFIO
Eu sou um caso perdido,
por mim mesmo agredido
quando tento me transpor.
Quase sempre não consigo
e sem noção do perigo
viro meu próprio agressor.
Felipe Cerquize
por mim mesmo agredido
quando tento me transpor.
Quase sempre não consigo
e sem noção do perigo
viro meu próprio agressor.
Felipe Cerquize
19/12/2008
PARADOXOS DE NATAL
Era 23 dezembro. Eu andava pelo centro da cidade em busca de presentes de Natal para dar aos amigos e familiares. Nessa época do ano, o comércio fica super aquecido e o clima parece agitar os calores e humores dos indivíduos. Mesmo com todo esse aquecimento, a importação da cultura do Hemisfério Norte obriga as pessoas a comprarem algodão para espalhar pelos pinheiros sintéticos que ficarão num canto da sala de suas casas, para que, na noite do dia 24, fiquem rodeados de presentes, principalmente nas casas em que há crianças e infra-estrutura econômica que comporte tal situação.
Na busca dos presentes ideais para essa estranha festa tropical, às vezes me deparava com homens vestidos com roupa de cetim e usando barba postiça, sentados num trono, balançando um sininho e tirando fotos com crianças impressionadas com os velhinhos exóticos dentro de uma indumentária pesada, em pleno verão de quarenta graus. Rituais paradoxais, num período do ano em que o ser humano tenta dar o melhor de si para o semelhante. Eu, com toda a minha experiência e consciência, apesar dos anos de estrada neste mundo de Deus, não conseguia ignorar a festa cristã e tentava dar a minha contribuição ao forçar o imaginário para ser feliz.
Depois de muito lenço no rosto para limpar o suor, estourei o meu cartão de crédito no momento em que terminava de fazer a compra de uma dezena de presentes, que foram devidamente embrulhados e acondicionados em sacolas que me permitissem levá-los ao estacionamento, onde estava o meu carro. Foi nesse caminho de volta, quando dobrei a última esquina antes do estacionamento, que vi um Papai Noel estirado no chão, sem ninguém por perto para ajudá-lo. Diante da cena, corri na direção do senhor que agonizava, segurei-o e levantei um pouco seu tronco e sua cabeça. Ele estava semiconsciente e, ao perceber o socorro, pediu-me para que colocasse a mão no seu bolso direito. Coloquei e de lá retirei quinhentos reais, uma foto e um bilhete. Quando disse o que tinha na mão, ele implorou-me para que entregasse o dinheiro para a senhora da foto no endereço que estava no bilhete, onde também havia um número de telefone. Falou isto e, logo depois, desmaiou. Diante das circunstâncias, peguei o celular, disquei o 192 para ter atendimento médico e, com a ajuda de algumas pessoas que começavam a se aproximar, carreguei o senhor para a sombra de uma marquise. Quando o socorro médico chegou, constatou que o caso realmente exigia cuidados e removeu o bom velhinho para o hospital público mais próximo do local.
Com todos aqueles fatos repentinos, eu me sentia atordoado o suficiente para não ter percebido o furto das sacolas com os presentes que comprei. Quando notei, o sangue subiu à cabeça. Havia estourado meu limite de crédito e perdido um tempo precioso naquele calor infernal para, no final, ficar sem nada por causa daquele moribundo que apareceu na minha frente. Pus a mão no bolso e senti as cédulas, o bilhete e a foto que ele me havia feito retirar de seu bolso, na hora da agonia. Não pensei duas vezes: com aquele presentão de Papai Noel, voltei para as lojas e comprei praticamente tudo outra vez. O dinheiro que sobrou foi a conta certa para pagar o estacionamento.
No dia seguinte, já era véspera de Natal. Árvore enfeitada com bolas, luzes e algodão. Presentes em volta do pinheirinho sintético e a consciência super tranqüila. Logo depois do almoço, saí para comprar algumas guloseimas para a ceia. Se existe alguém infeliz, nessa época do ano, são os comerciários, obrigados a ficar até quase meia-noite a serviço de seus patrões para poder ganhar o salário com bônus de Natal. O supermercado estava repleto de gente preocupada com seus pertences e com o que colocavam nos carrinhos. Depois de muito suar e de quase ter uma congestão, segui com a futura ceia para a fila quilométrica de um dos caixas. Angústia maior era aquela de ter de ficar mofando numa fila de supermercado para poder levar algumas frutas importadas e um peixe sem cabeça para casa. Depois de meia hora naquela situação desesperadora, o marasmo interior se perdeu no tumulto do recinto e uma onda de contra-sensos iniciou-se pela minha cabeça. Larguei o carrinho com as compras num canto qualquer, fui para a calçada do estabelecimento e peguei um táxi em direção ao centro da cidade. No prédio branco, pedi autorização para ir até a enfermaria. Ao chegar lá, encontrei Papai Noel com um semblante que já transparecia saúde. Olhou-me de maneira enigmática e eu imediatamente me apresentei como a pessoa que o havia socorrido. Ele sorriu e logo depois franziu a sobrancelha. Tirei mil reais que tinha na carteira e entreguei para ele, que ficou sem entender muito bem o porquê de tamanha quantia. Expliquei que estava no bolso dele, quando o encontrei passando mal. Ele falou que se lembrava de ter quinhentos e não mil e eu disse que ele estava enganado. O senhor não falou mais nada e eu me despedi, sem deixar de notar, antes de sair da enfermaria, que o sorriso do bom velhinho ia de orelha a orelha.
De volta ao supermercado, ainda pude encontrar o carrinho que havia deixado encostado num canto. Peguei-o e segui melancólico para a fila do caixa. Quando chegou a minha vez, bacalhau, tâmaras, nozes e castanhas passaram pelo caixa, mas não foram comigo, porque o meu dinheiro ficou todo com Papai Noel e o cartão de crédito estava bloqueado. Lembrei-me do sorriso dele, quando saía da enfermaria. Juro que me deu vontade de voltar lá para dar-lhe umas porradas, mas a verdade é que ele não tinha culpa de nada. Nem eu, acho.
Na busca dos presentes ideais para essa estranha festa tropical, às vezes me deparava com homens vestidos com roupa de cetim e usando barba postiça, sentados num trono, balançando um sininho e tirando fotos com crianças impressionadas com os velhinhos exóticos dentro de uma indumentária pesada, em pleno verão de quarenta graus. Rituais paradoxais, num período do ano em que o ser humano tenta dar o melhor de si para o semelhante. Eu, com toda a minha experiência e consciência, apesar dos anos de estrada neste mundo de Deus, não conseguia ignorar a festa cristã e tentava dar a minha contribuição ao forçar o imaginário para ser feliz.
Depois de muito lenço no rosto para limpar o suor, estourei o meu cartão de crédito no momento em que terminava de fazer a compra de uma dezena de presentes, que foram devidamente embrulhados e acondicionados em sacolas que me permitissem levá-los ao estacionamento, onde estava o meu carro. Foi nesse caminho de volta, quando dobrei a última esquina antes do estacionamento, que vi um Papai Noel estirado no chão, sem ninguém por perto para ajudá-lo. Diante da cena, corri na direção do senhor que agonizava, segurei-o e levantei um pouco seu tronco e sua cabeça. Ele estava semiconsciente e, ao perceber o socorro, pediu-me para que colocasse a mão no seu bolso direito. Coloquei e de lá retirei quinhentos reais, uma foto e um bilhete. Quando disse o que tinha na mão, ele implorou-me para que entregasse o dinheiro para a senhora da foto no endereço que estava no bilhete, onde também havia um número de telefone. Falou isto e, logo depois, desmaiou. Diante das circunstâncias, peguei o celular, disquei o 192 para ter atendimento médico e, com a ajuda de algumas pessoas que começavam a se aproximar, carreguei o senhor para a sombra de uma marquise. Quando o socorro médico chegou, constatou que o caso realmente exigia cuidados e removeu o bom velhinho para o hospital público mais próximo do local.
Com todos aqueles fatos repentinos, eu me sentia atordoado o suficiente para não ter percebido o furto das sacolas com os presentes que comprei. Quando notei, o sangue subiu à cabeça. Havia estourado meu limite de crédito e perdido um tempo precioso naquele calor infernal para, no final, ficar sem nada por causa daquele moribundo que apareceu na minha frente. Pus a mão no bolso e senti as cédulas, o bilhete e a foto que ele me havia feito retirar de seu bolso, na hora da agonia. Não pensei duas vezes: com aquele presentão de Papai Noel, voltei para as lojas e comprei praticamente tudo outra vez. O dinheiro que sobrou foi a conta certa para pagar o estacionamento.
No dia seguinte, já era véspera de Natal. Árvore enfeitada com bolas, luzes e algodão. Presentes em volta do pinheirinho sintético e a consciência super tranqüila. Logo depois do almoço, saí para comprar algumas guloseimas para a ceia. Se existe alguém infeliz, nessa época do ano, são os comerciários, obrigados a ficar até quase meia-noite a serviço de seus patrões para poder ganhar o salário com bônus de Natal. O supermercado estava repleto de gente preocupada com seus pertences e com o que colocavam nos carrinhos. Depois de muito suar e de quase ter uma congestão, segui com a futura ceia para a fila quilométrica de um dos caixas. Angústia maior era aquela de ter de ficar mofando numa fila de supermercado para poder levar algumas frutas importadas e um peixe sem cabeça para casa. Depois de meia hora naquela situação desesperadora, o marasmo interior se perdeu no tumulto do recinto e uma onda de contra-sensos iniciou-se pela minha cabeça. Larguei o carrinho com as compras num canto qualquer, fui para a calçada do estabelecimento e peguei um táxi em direção ao centro da cidade. No prédio branco, pedi autorização para ir até a enfermaria. Ao chegar lá, encontrei Papai Noel com um semblante que já transparecia saúde. Olhou-me de maneira enigmática e eu imediatamente me apresentei como a pessoa que o havia socorrido. Ele sorriu e logo depois franziu a sobrancelha. Tirei mil reais que tinha na carteira e entreguei para ele, que ficou sem entender muito bem o porquê de tamanha quantia. Expliquei que estava no bolso dele, quando o encontrei passando mal. Ele falou que se lembrava de ter quinhentos e não mil e eu disse que ele estava enganado. O senhor não falou mais nada e eu me despedi, sem deixar de notar, antes de sair da enfermaria, que o sorriso do bom velhinho ia de orelha a orelha.
De volta ao supermercado, ainda pude encontrar o carrinho que havia deixado encostado num canto. Peguei-o e segui melancólico para a fila do caixa. Quando chegou a minha vez, bacalhau, tâmaras, nozes e castanhas passaram pelo caixa, mas não foram comigo, porque o meu dinheiro ficou todo com Papai Noel e o cartão de crédito estava bloqueado. Lembrei-me do sorriso dele, quando saía da enfermaria. Juro que me deu vontade de voltar lá para dar-lhe umas porradas, mas a verdade é que ele não tinha culpa de nada. Nem eu, acho.
Felipe Cerquize
17/12/2008
XXIV PRÊMIO NÓSSIDE 2008
Esplêndido epílogo em Roma do XXIV Prêmio Nósside 2008
Um projeto cada vez mais sem fronteiras de povos, línguas e culturas
Um exemplo de Globalização positiva com poetas de 40 Nações e 29 línguas
Encerraram-se em Roma, no magnífico Palazzo Santacroce, séde do Instituto Ítalolatinoamericano, os Eventos Finais do XXIV Prêmio Internacional Nósside (www.nosside.com), único concurso global de poesia para inéditos organizado pelo Centro Studi Bosio, de Reggio Calábria. O Encontro dos Poetas Premiados com o corpo diplomático completou o terceiro dos três acontecimentos após as intensas emoções vividas na Premiação do Palazzo Campanella em Reggio Calábria e os interessantes pontos de reflexão surgidos no Seminário de Estudos sobre “Cultura Global e Culturas Locais” na Universidade de Messina (Sicília).
A Secretária Cultural do Instituto, Patricia Rivadeneira, fez as honras da casa e na ocasião ressaltou a consolidada colaboração entre o IILA e o Prêmio Nósside. Participaram poetas, intelectuais e membros do corpo diplomático de diversas nacionalidades; também a Secretária do Nósside no Brasil, Rosalie Gallo e uma delegação de poetas premiados. Intervieram os Adidos Culturais das Embaixadas de Cuba, Gerardo Soler (que se lembrou da ininterrupta cooperação desde 1999 entre o Nósside e a Feira Internacional do Livro de Havana) e do México, Dolores Repetto, seguida por Paolo Minuto, representando a Universidade para Estrangeiros “Dante Alighieri” de Reggio Calábria - Parceira do Prêmio. À cultura da alma aninhou-se a delícia do paladar com a degustação de doces e licores à base de Bergamoto, fruta cítrica de Reggio Calábria, única no mundo, patrocinada pelas empresas reginas “Solmar”, “La Mimosa” e “Tahiti”.
O Presidente Fundador do Prêmio, Pasquale Amato, presidiu o Evento e ilustrou a expansão mundial do Projeto, que tem 5 línguas oficiais (italiano, espanhol, português, inglês e francês) mas está aberto ao imaginário poético expresso em todas as línguas do mundo (incluindo as nativas, as minoritárias e os dialetos) e em cada forma de comunicação (escrita, em vídeo e em música). Os números falam alto: participantes de 40 Nações de todos os continentes; 29 línguas; italianos pela primeira vez superados pelos participantes das demais Nações; avanço dos brasileiros ao segundo lugar depois dos italianos; a língua portuguesa consolidada na terceira posição depois do italiano e do espanhol, com o quarto lugar empatado entre o inglês e as línguas nativas, minoritárias e dialetos; Europa e América Latina como fortes presenças, mas com progressos por parte da Ásia, África e Oceania; novos participantes entre os quais China, Rússia, Grécia, Croácia, Bósnia-Erzegovina, Equador e Filipinas.
As escolhas do Júri Internacional presidido por Giuseppe Amoroso espelharam esta extensão planetária. Também em Roma, durante as leituras dos autores e nas poesias em vídeo repetiu-se o feliz encontro entre o poder evocativo das palavras do mundo inteiro como expressões de diferentes identidades culturais e lingüísticas e o fascínio das imagens em vídeo.
A Vencedora Absoluta Daniela Raimondi, italiana de Londres, reviveu em seus estupendos versos de “A Rainha de Ica” as sensações experimentadas em uma visita aos Andes peruanos. Com a poesia “Bandeira Brasileira” a brasileira Vera Marcia Milanesi – uma dos 4 Vencedores - delineou a saudade (nostalgia) vivida em um dia chuvoso na centroeuropéia Praga. Permancendo na Europa a croata Stanka Gjuric (Mencionada Especial) representou na poesia em vídeo “Akvarel” (Aquarela) as conseqüências dramáticas das Guerras Balcânicas. E sempre através de uma poesia em vídeo – “Terra, Amor, Moscou” – a poetisa-diretora russa Tatiana Daniliyants (Mencionada Especial) simbolizou o difícil relacionamento de amor-ódio por sua cidade violentada pelas rápidas transformações da nossa época.
Das imagens da capital russa passou-se ao Extremo Oriente com Agnes Ling Lam, de Hong Kong (Mencionada Especial), que conseguiu isolar-se da vida frenética de sua cidade para imaginar e representar com delicadeza a “baunilha nas estrelas”. Atravessando o Pacífico Carmen Arévalo Chacón, da Venezuela (Mencionada Especial) delineou suas sensações em contato com a natureza. A viagem virtual deslocou-se então para o coração da África para ouvir os versos em língua Tschiluba com a qual Thomas Mussenge, do Congo (Mencionado Especial) representou os efeitos do advento dos novos meios de comunicação em uma aldeia de seu país.
Despertou fortes emoções ouvir a poesia dedicada à história de um menino, filho de emigrante – “O presépio de Sassá” - interpretada por Giovanni Favasuli (Mencionado Especial) em seu dialeto de Áfrico, vilarejo do Aspromonte na província de Reggio Calábria. Do Aspromonte a viagem do Nósside atravessou novamente o Atlântico para chegar aos Andes, de onde se levantou a voz dos antigos Incas através da poesia em língua quechua “Gotas da noite” do Vencedor colombiano Fredy Chicangana que sintetizou o excepcional valor cultural e social do Prêmio em um simples e nítido conceito: “O Prêmio Nósside é hoje a única saída para se globalizarem as línguas e nossos cantos de povos nativos de toda a América e de tudo o universo”.
Concluiu-se o triunfante percurso do Nósside 2008 cuja primeira fase - a “Viagem de Reggio Calábria para o Mundo” – constituiu-se na premissa mais fascinante com Eventos em cidades de Europa e América: Havana, Cidade do México, Ólbia, Podgórica (Montenegro), Valletta (Malta), New York, São Domingos, Moscou, Crotone e, no Brasil, São José do Rio Preto, São Paulo e Brasília. Exatamente em Brasília – em consonância com a estratégia cultural do Projeto – foi conferido o Prêmio Internacional Nósside à carreira 2008 ao grande poeta brasileiro Thiago de Mello, incansável defensor do patrimônio natural e cultural da Floresta Amazônica.
Um projeto cada vez mais sem fronteiras de povos, línguas e culturas
Um exemplo de Globalização positiva com poetas de 40 Nações e 29 línguas
Encerraram-se em Roma, no magnífico Palazzo Santacroce, séde do Instituto Ítalolatinoamericano, os Eventos Finais do XXIV Prêmio Internacional Nósside (www.nosside.com), único concurso global de poesia para inéditos organizado pelo Centro Studi Bosio, de Reggio Calábria. O Encontro dos Poetas Premiados com o corpo diplomático completou o terceiro dos três acontecimentos após as intensas emoções vividas na Premiação do Palazzo Campanella em Reggio Calábria e os interessantes pontos de reflexão surgidos no Seminário de Estudos sobre “Cultura Global e Culturas Locais” na Universidade de Messina (Sicília).
A Secretária Cultural do Instituto, Patricia Rivadeneira, fez as honras da casa e na ocasião ressaltou a consolidada colaboração entre o IILA e o Prêmio Nósside. Participaram poetas, intelectuais e membros do corpo diplomático de diversas nacionalidades; também a Secretária do Nósside no Brasil, Rosalie Gallo e uma delegação de poetas premiados. Intervieram os Adidos Culturais das Embaixadas de Cuba, Gerardo Soler (que se lembrou da ininterrupta cooperação desde 1999 entre o Nósside e a Feira Internacional do Livro de Havana) e do México, Dolores Repetto, seguida por Paolo Minuto, representando a Universidade para Estrangeiros “Dante Alighieri” de Reggio Calábria - Parceira do Prêmio. À cultura da alma aninhou-se a delícia do paladar com a degustação de doces e licores à base de Bergamoto, fruta cítrica de Reggio Calábria, única no mundo, patrocinada pelas empresas reginas “Solmar”, “La Mimosa” e “Tahiti”.
O Presidente Fundador do Prêmio, Pasquale Amato, presidiu o Evento e ilustrou a expansão mundial do Projeto, que tem 5 línguas oficiais (italiano, espanhol, português, inglês e francês) mas está aberto ao imaginário poético expresso em todas as línguas do mundo (incluindo as nativas, as minoritárias e os dialetos) e em cada forma de comunicação (escrita, em vídeo e em música). Os números falam alto: participantes de 40 Nações de todos os continentes; 29 línguas; italianos pela primeira vez superados pelos participantes das demais Nações; avanço dos brasileiros ao segundo lugar depois dos italianos; a língua portuguesa consolidada na terceira posição depois do italiano e do espanhol, com o quarto lugar empatado entre o inglês e as línguas nativas, minoritárias e dialetos; Europa e América Latina como fortes presenças, mas com progressos por parte da Ásia, África e Oceania; novos participantes entre os quais China, Rússia, Grécia, Croácia, Bósnia-Erzegovina, Equador e Filipinas.
As escolhas do Júri Internacional presidido por Giuseppe Amoroso espelharam esta extensão planetária. Também em Roma, durante as leituras dos autores e nas poesias em vídeo repetiu-se o feliz encontro entre o poder evocativo das palavras do mundo inteiro como expressões de diferentes identidades culturais e lingüísticas e o fascínio das imagens em vídeo.
A Vencedora Absoluta Daniela Raimondi, italiana de Londres, reviveu em seus estupendos versos de “A Rainha de Ica” as sensações experimentadas em uma visita aos Andes peruanos. Com a poesia “Bandeira Brasileira” a brasileira Vera Marcia Milanesi – uma dos 4 Vencedores - delineou a saudade (nostalgia) vivida em um dia chuvoso na centroeuropéia Praga. Permancendo na Europa a croata Stanka Gjuric (Mencionada Especial) representou na poesia em vídeo “Akvarel” (Aquarela) as conseqüências dramáticas das Guerras Balcânicas. E sempre através de uma poesia em vídeo – “Terra, Amor, Moscou” – a poetisa-diretora russa Tatiana Daniliyants (Mencionada Especial) simbolizou o difícil relacionamento de amor-ódio por sua cidade violentada pelas rápidas transformações da nossa época.
Das imagens da capital russa passou-se ao Extremo Oriente com Agnes Ling Lam, de Hong Kong (Mencionada Especial), que conseguiu isolar-se da vida frenética de sua cidade para imaginar e representar com delicadeza a “baunilha nas estrelas”. Atravessando o Pacífico Carmen Arévalo Chacón, da Venezuela (Mencionada Especial) delineou suas sensações em contato com a natureza. A viagem virtual deslocou-se então para o coração da África para ouvir os versos em língua Tschiluba com a qual Thomas Mussenge, do Congo (Mencionado Especial) representou os efeitos do advento dos novos meios de comunicação em uma aldeia de seu país.
Despertou fortes emoções ouvir a poesia dedicada à história de um menino, filho de emigrante – “O presépio de Sassá” - interpretada por Giovanni Favasuli (Mencionado Especial) em seu dialeto de Áfrico, vilarejo do Aspromonte na província de Reggio Calábria. Do Aspromonte a viagem do Nósside atravessou novamente o Atlântico para chegar aos Andes, de onde se levantou a voz dos antigos Incas através da poesia em língua quechua “Gotas da noite” do Vencedor colombiano Fredy Chicangana que sintetizou o excepcional valor cultural e social do Prêmio em um simples e nítido conceito: “O Prêmio Nósside é hoje a única saída para se globalizarem as línguas e nossos cantos de povos nativos de toda a América e de tudo o universo”.
Concluiu-se o triunfante percurso do Nósside 2008 cuja primeira fase - a “Viagem de Reggio Calábria para o Mundo” – constituiu-se na premissa mais fascinante com Eventos em cidades de Europa e América: Havana, Cidade do México, Ólbia, Podgórica (Montenegro), Valletta (Malta), New York, São Domingos, Moscou, Crotone e, no Brasil, São José do Rio Preto, São Paulo e Brasília. Exatamente em Brasília – em consonância com a estratégia cultural do Projeto – foi conferido o Prêmio Internacional Nósside à carreira 2008 ao grande poeta brasileiro Thiago de Mello, incansável defensor do patrimônio natural e cultural da Floresta Amazônica.
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Felipe Cerquize recebeu Menção Especial na categoria "Poesia em canção" com a música A CADA PASSO. Ouçam-na neste blog.
08/12/2008
CONTRAVERSÃO
Seguimos na contradança
Contrabando, contrabanda
Contrapondo-se à cobrança
Contrariando quem manda
Contradizendo as crenças
Contra-indicando ofensas
Nadando na contracorrente
Como um contraveniente
Seguimos pelo contraste
Contra-ofertando o traste
No contra-ataque da ilusão
No viés da contradição
Contracenando com a vida
Escapando da contrapartida
Contragolpe, contrapeso
Contrafeito, mas ileso
Tudo é contraproducente
Num contra-senso demente
Contrabaixos, contracantos
Contragosto contra tantos
O rumo do contrapasso
É o mesmo da contramão
Todo verso controverso
Tem sua contraversão
Felipe Cerquize
Contrabando, contrabanda
Contrapondo-se à cobrança
Contrariando quem manda
Contradizendo as crenças
Contra-indicando ofensas
Nadando na contracorrente
Como um contraveniente
Seguimos pelo contraste
Contra-ofertando o traste
No contra-ataque da ilusão
No viés da contradição
Contracenando com a vida
Escapando da contrapartida
Contragolpe, contrapeso
Contrafeito, mas ileso
Tudo é contraproducente
Num contra-senso demente
Contrabaixos, contracantos
Contragosto contra tantos
O rumo do contrapasso
É o mesmo da contramão
Todo verso controverso
Tem sua contraversão
Felipe Cerquize
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