12/06/2011

ESTRADA REAL IX

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PRADOS
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Na BR-40, sentido Rio de Janeiro, 5 km depois de Congonhas, entramos à direita na BR-383, depois continuando pela BR-265. A entrada para Tiradentes fica cerca de 10 km depois de São João del Rei, mas uns 20 km antes de chegarmos a São João, encontramos uma placa sinalizando entrada para Prados. Estranhamos, pois sabíamos de um acesso não asfaltado a esse município por Bichinho (Vitoriano Veloso), localidade que fica a cerca de 8 km de Tiradentes, mas não tínhamos informação alguma sobre o acesso a Prados pela BR-265. Depois de pensar um pouco, resolvemos mudar os planos e encarar aquele acesso, para também conhecer essa cidade, e concluímos ter sido essa uma das decisões mais acertadas da nossa viagem. Apesar de serem 20 km de uma estrada relativamente estreita, no asfalto não havia um buraco sequer, até a chegada a Prados, uma cidadezinha super agradável e com muita história para contar.
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O povoado que deu origem a Prados, surgiu nos primórdios do século XVIII, por volta de 1704, quando dois irmãos bandeirantes, Manoel e Félix Mendes do Prado, chegaram lá com uma comitiva de Taubaté. A notícia do ouro fácil atraiu muitos paulistas para a região. Entretanto, com o empobrecimento das minas e a escassez do ouro, a propriedade da terra começou a ser uma nova atração, verificando-se uma alternância na atividade dos antigos bandeirantes, que fez surgir os primeiros sesmeiros da região. Data daí o desenvolvimento urbano de Prados, ao longo dos séculos XVIII e XIX. O povoamento que até então se formou, teve rápido crescimento com a influência dos forasteiros que chegavam a procura de ouro, e, sobretudo, por ser passagem de tropas e boiadas que do centro de Minas dirigiam-se para a Zona da Mata. A localidade de Prados pertenceu à vila São José del Rei, atual Tiradentes, até 1890, tornando-se município em 1891.
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Ao sopé da Serra de São José, Prados apresenta, em boa parte, um belo casario, onde se mesclam o antigo e o moderno. A "Cidade da Música", como é mais conhecida, é também chamada de “Berço de Inconfidentes”. Possui três igrejas, sendo a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, construída entre os anos de 1712 e 1770, a mais imponente. Na construção civil, Prados ainda preserva um belo conjunto arquitetônico, merecendo destaque o prédio do Fórum; o prédio do antigo Ginásio São José que hoje abriga a Câmara Municipal; o casarão da Selaria Estrela, onde se produz artefatos de couro; a casa do Sô Mamede, uma das mais antigas da cidade, datada de antes de 1788, o sobrado da família Chagas, o casarão da Hipólita (antiga Casa da Câmara), que mandou construí-lo ao lado da Matriz de Nossa Senhora da Conceição com o propósito de assistir a todas às celebrações religiosas ocorridas ali; e outros belos casarões que fazem parte da história do desenvolvimento da cidade. Prados ainda conta com algumas fazendas datadas do século XVIII, como a do Coqueiro, a 2 km do centro da cidade; a Fazenda da Boa Vista, situada ao pé da Serra de São José, a 4 km do centro, e as ruínas da Fazenda Ponta do Morro, importante ponto de encontro, na época da Inconfidência Mineira, que pertenceu ao inconfidente Antônio Francisco de Oliveira Lopes. Prados também possui diversos atrativos naturais, entre os quais a Serra de São José com seus 12 km de extensão marcados por belas escarpas cobertas por mata atlântica, cerrado e campos rupestres. Com grande importância, a Serra tornou-se uma Área de Preservação Ambiental (APA) com cerca de 5.000 km² que se estendem de Prados até São João del Rei, passando por Tiradentes, Coronel Xavier Chaves e Santa Cruz de Minas.

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição - Prados (MG)

Lira Ceciliana, onde se aprende música em Prados (MG)

Prédio do Fórum - Prados (MG)

Vista dos prédio da cidade de Prados (MG)

Cruz do Mirante - Prados (MG)

Teatro Municipal de Prados (MG)

Câmara Municipal de Prados (MG)

Vista de Prados do  mirante da cidade
No artesanato, encontra-se o grande atrativo da cidade para o turismo de consumo. Ficamos surpresos com o número de lojas comerciais vendendo artesanatos em madeira de todos os tamanhos, com preços super atraentes, quando comparados aos das cidades vizinhas, o que nos levou a crer que grande parte dos artesanatos em madeira comercializados na região tem origem em Prados. Para se ter uma idéia, um quadro de parede com recorte de flores, que compramos em Prados por cerca de R$ 80,00, tinha preços superiores a R$ 250,00 em Bichinho e em Tiradentes. Foi uma boa oportunidade para comprarmos algumas lembranças dessa nossa viagem pela Estrada Real.

Rua principal de Prados, onde há lojas de artesanato

Artesanato em loja de Prados (MG)

Artesanato em loja de Prados (MG)

Artesanato em loja de Prados (MG)
Artesanato em loja de Prados (MG)
Depois desse festival de novidades, que não estavam nos nossos planos, em conversa com lojistas da cidade, ainda tivemos a grata surpresa de saber que o acesso de Prados a Bichinho estava praticamente todo calçado e que de Bichinho a Tiradentes já não havia mais estrada de chão. Com o pôr-do-sol chegando, resolvemos, então, dar continuidade à nossa viagem, com uma rápida parada em Bichinho, para, depois, finalmente, “atracarmos” em Tiradentes na noite do dia 19 de maio.

PRADOS
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Nas curvas de uma estrada,
não existe somente o perigo.
Elas podem servir e abrigo
para novas descobertas.

Verdes campos, relva, pasto,
bois ruminam no caminho
e a gente ali sozinho
diante de um mundo vasto.
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Prados que viram cidade
sem mudar a realidade
de um lugar onde nada muda.
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Tudo é muda,
tudo é semente.
Nada muda
dentro da gente.
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Felipe Cerquize
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Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Felipe! Fico feliz em saber que você gostou da visita à nossa região. Só um esclarecimento: a diferença de preços entre Bichinho e Prados se explica pelo fato de os artesãos de Prados (em sua maioria) comercializarem as peças sem acabamento e imunização, práticas que asseguram a qualidade e durabilidade do artesanato mineiro.
Parabéns pelos textos!