No dia 14 de maio, logo depois do café da manhã, saí do Solar dos Montes com destino a Lavras Novas, passando por Ouro Branco, que atualmente é a primeira cidade de Minas Gerais e a quadragésima do Brasil, conforme classificação pelo IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios). Apesar do conceito, Ouro Branco é uma cidade com poucos atrativos turísticos relacionados à Estrada Real, exceto pelo fato de ser o município onde se localiza a casa onde viveu Joaquim José da Silva Xavier. À margem da rodovia que liga Conselheiro Lafayete a Ouro Branco está a casa onde morou Tiradentes, bem conservada, mas sem nenhuma vigilância armada ou desarmada. Qualquer um que chegue ao local pode entrar na casa e circular por seus quintais, varandas, porão, mezanino etc. Um absurdo, visto ser aquele um patrimônio de valor histórico incalculável.
Casa de Tiradentes em Ouro Branco (MG) |
Fundos da casa de Tiradentes em Ouro Branco (MG) |
Parte da casa de Tiradentes em Ouro Branco (MG) |
Frente da casa de Tiradentes em Ouro Branco (MG) |
Depois de mais ou menos meia hora, explorando a casa de Tiradentes, dei continuidade à viagem para Lavras Novas, que é um distrito de Ouro Preto a cerca de 30 Km do centro desse município. Para se chegar lá, é necessário sair da rodovia que liga Ouro Branco a Ouro Preto e seguir 7 Km numa estrada de barro muito vermelho, que, imagino, deva virar mingau em dia de chuva. A idéia, inicialmente, era passar por Lavras Novas somente para o almoço e um giro rápido pelo centro, mas esse distrito de cerca de 1000 habitantes é muito aconchegante e, por isto, resolvemos ficar um dia por lá. São várias lojas de artesanato, muitas pousadas, restaurantes e bares ao longo de uma rua de mais ou menos 3 Km de extensão. Apesar das muitas pousadas, poucas tinham vagas e só encontramos uma que fosse confortável e com preço acessível depois de quase uma hora de procura. Feito isto, tomamos banho, nos arrumamos e fomos a um almoço-jantar num dos dois restaurante italianos existentes no local. Chegamos às 18:00 h e saímos às 20:00 h com a ideia de passear um pouco pelas ruas para ver os artesanatos, mas qual não foi a nossa surpresa ao ver que, naquele horário, as lojas já estavam todas fechadas e os bares para turistas também. Nada de vida noturna por ali e, por isto, resolvemos dormir cedo para aproveitar o máximo do dia seguinte.
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O domingo foi realmente proveitoso, considerando nosso objetivo. Além do comércio turístico, Lavras Novas tem atrações naturais fantásticas, como grutas, cachoeiras, trilhas e diversos mirantes que permitem ver as montanhas verdes do Parque do Itacolomi, onde se situa o distrito. Caminhando pela rua principal, além dos cantores de MPB contratados dos bares, havia também gente da terra, em frente aos portões de suas residências, tocando algum instrumento musical. Foi o caso de seu Antônio, conhecido como “Chicrete Sanfoneiro”, que estava tocando uma sanfona de respeito, na varanda de sua casa, e para quem pedi algumas músicas (Filmei “Chicrete Sanfoneiro” tocando “Eu só quero um xodó”, de Dominguinhos. Assim que puser no You Tube, aviso).
.Loja de artesanatos em Lavras Novas (MG) |
Quintal com roupas estendidas no varal - Lavras Novas (MG) |
Com seu Antônio, o "Chicrete Sanfoneiro" - Lavras Novas (MG) |
Um dos mirantes de Lavras Novas (MG) |
Caminho para cachoeira e gruta - Lavras Novas (MG) |
Outro mirante de Lavras Novas (MG) |
Casa simples com flores bonitas no centro de Lavras Novas (MG) |
Casa na rua principal de Lavras Novas (MG) |
Nessa curtição toda, quando vimos, eram duas horas da tarde e já era tempo de voltar para o hotel, arrumar as malas e zarpar fora, antes que fosse obrigado a pagar uma nova diária. E assim foi. Às 14:30 h, estávamos encarando os 7 Km de barro vermelho, a fim de chegar à rodovia que nos levou até Ouro Preto.
PALAVRAS NOVAS
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Sempre é possível aprender,
a partir de gestos,
a partir de exemplos,
na forma de pôr as palavras,
Lavras Novas.
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Palavras novas
numa velha estrada,
mistura de tempos,
que muito me agrada.
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O horizonte à disposição,
visto de mirantes
que não vira antes.
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Vejo a natureza,
em seu esplendor,
passando por Lavras,
tentando palavras.
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Palavras novas,
numa velha estrada,
provocando pensamentos
que no fim vão dar em nada.
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Felipe Cerquize
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