16/05/2011

ESTRADA REAL III

No dia 14 de maio, logo depois do café da manhã, saí do Solar dos Montes com destino a Lavras Novas, passando por Ouro Branco, que atualmente é a primeira cidade de Minas Gerais e a quadragésima do Brasil, conforme classificação pelo IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios). Apesar do conceito, Ouro Branco é uma cidade com poucos atrativos turísticos relacionados à Estrada Real, exceto pelo fato de ser o município onde se localiza a casa onde viveu Joaquim José da Silva Xavier. À margem da rodovia que liga Conselheiro Lafayete a Ouro Branco está a casa onde morou Tiradentes, bem conservada, mas sem nenhuma vigilância armada ou desarmada. Qualquer um que chegue ao local pode entrar na casa e circular por seus quintais, varandas, porão, mezanino etc. Um absurdo, visto ser aquele um patrimônio de valor histórico incalculável.

Casa de Tiradentes em Ouro Branco (MG)

Fundos da casa de Tiradentes em Ouro Branco (MG)

Parte da casa de Tiradentes em Ouro Branco (MG)

Frente da casa de Tiradentes em Ouro Branco (MG)

Depois de mais ou menos meia hora, explorando a casa de Tiradentes, dei continuidade à viagem para Lavras Novas, que é um distrito de Ouro Preto a cerca de 30 Km do centro desse município. Para se chegar lá, é necessário sair da rodovia que liga Ouro Branco a Ouro Preto e seguir 7 Km numa estrada de barro muito vermelho, que, imagino, deva virar mingau em dia de chuva. A idéia, inicialmente, era passar por Lavras Novas somente para o almoço e um giro rápido pelo centro, mas esse distrito de cerca de 1000 habitantes é muito aconchegante e, por isto, resolvemos ficar um dia por lá. São várias lojas de artesanato, muitas pousadas, restaurantes e bares ao longo de uma rua de mais ou menos 3 Km de extensão. Apesar das muitas pousadas, poucas tinham vagas e só encontramos uma que fosse confortável e com preço acessível depois de quase uma hora de procura. Feito isto, tomamos banho, nos arrumamos e fomos a um almoço-jantar num dos dois restaurante italianos existentes no local. Chegamos às 18:00 h e saímos às 20:00 h com a ideia de passear um pouco pelas ruas para ver os artesanatos, mas qual não foi a nossa surpresa ao ver que, naquele horário, as lojas já estavam todas fechadas e os bares para turistas também. Nada de vida noturna por ali e, por isto, resolvemos dormir cedo para aproveitar o máximo do dia seguinte.
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O domingo foi realmente proveitoso, considerando nosso objetivo. Além do comércio turístico, Lavras Novas tem atrações naturais fantásticas, como grutas, cachoeiras, trilhas e diversos mirantes que permitem ver as montanhas verdes do Parque do Itacolomi, onde se situa o distrito. Caminhando pela rua principal, além dos cantores de MPB contratados dos bares, havia também gente da terra, em frente aos portões de suas residências, tocando algum instrumento musical. Foi o caso de seu Antônio, conhecido como “Chicrete Sanfoneiro”, que estava tocando uma sanfona de respeito, na varanda de sua casa, e para quem pedi algumas músicas (Filmei “Chicrete Sanfoneiro” tocando “Eu só quero um xodó”, de Dominguinhos. Assim que puser no You Tube, aviso).
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Loja de artesanatos em Lavras Novas (MG)

Quintal com roupas estendidas no varal - Lavras Novas (MG)

Com seu Antônio, o "Chicrete Sanfoneiro" - Lavras Novas (MG)

Um dos mirantes de Lavras Novas (MG)

Caminho para cachoeira e gruta - Lavras Novas (MG)

Outro mirante de Lavras Novas (MG)

Casa simples com flores bonitas no centro de Lavras Novas (MG)

Casa na rua principal de Lavras Novas (MG)

Nessa curtição toda, quando vimos, eram duas horas da tarde e já era tempo de voltar para o hotel, arrumar as malas e zarpar fora, antes que fosse obrigado a pagar uma nova diária. E assim foi. Às 14:30 h, estávamos encarando os 7 Km de barro vermelho, a fim de chegar à rodovia que nos levou até Ouro Preto.

PALAVRAS NOVAS
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Sempre é possível aprender,
a partir de gestos,
a partir de exemplos,
na forma de pôr as palavras,
Lavras Novas.
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Palavras novas
numa velha estrada,
mistura de tempos,
que muito me agrada.
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O horizonte à disposição,
visto de mirantes
que não vira antes.
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Vejo a natureza,
em seu esplendor,
passando por Lavras,
tentando palavras.
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Palavras novas,
numa velha estrada,
provocando pensamentos
que no fim vão dar em nada.
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Felipe Cerquize
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