Às dezessete e trinta, já quase escurecendo e com o frio aumentando consideravelmente, descemos de quase 1300 metros de altura do Santuário do Caraça para pegar, de novo a rodovia MG 129, com destino a Cocais. Lá, existem duas pousadas. Ficamos na Vila Cocais, que consideramos ser melhor e onde também há um restaurante com boa comida, o que nos facilitou. Na verdade, Cocais também não era parte do roteiro original dessa viagem, mas, assim como Catas Altas, decidimos ir até essa localidade depois da sugestão dada pelo Argentino José Maria Medina, que conhecemos em Santana dos Montes. No dia 18 de maio, depois do café da manhã, saímos a pé para conhecer o lugarejo, mas não fomos até as cachoeiras, por ficarem muito distantes do centro. Preferimos, então, conhecer as cercanias e, a uns 500 metros da pousada, descobrimos o Museu Histórico Fernando Toco, personalidade da região que, segundo crença local, quando ainda era jovem, descobriu um baú cheio de ouro e, a partir de então, começou a ostentar riqueza, comprando diversos imóveis em Cocais. A história do museu nasceu da tentativa de seu proprietário Augusto Bento do Nascimento, de recolher, guardar e difundir peças relativas à história de seus antepassados, bem como compreender e estudar essa história, tendo como parâmetro o modo de vida da geração de seu bisavô, Fernando Toco. Outros prédios interessantes do distrito são:
Sobrado do Cartório - É uma das últimas construções coloniais existentes na Vila de Cocais. Foi construído pelo bandeirante Furtado Leite, um dos fundadores de Cocais, e pertenceu a Fernando Toco (Fernando José do Espírito Santo). O Sobrado se transformava, às vezes, em casa de danças e em sede de encontros políticos. Até poucos anos atrás, funcionou como cartório, mas, hoje, por não estar em bom estado de conservação, o imóvel encontra-se desabitado.
Solar da Ladeira - É um dos últimos casarões antigos existentes na Vila Colonial de Cocais. Conhecido pelos moradores do lugar com a “Casa do Mingote”, este casarão já hospedou Duque de Caxias, em 1842, em visita ao Barão de Cocais. O Solar da Ladeira fica situado no alto de uma ladeira no Largo de Santana. Atualmente, é propriedade da Vale.
Igreja Matriz de São João Batista - Teve sua primeira construção em 1713. O seu traço contou com a colaboração de Aleijadinho. Abaixo de um dos altares há a imagem de madeira do Senhor Morto, os altares mais antigos possuem talha e douramento, pois os outros vieram da fazenda de Morro Grande. No interior, a igreja dedicada a São João Batista conserva muitas riquezas não só arquitetônicas, mas também ornamentais.
Depois de passearmos por praças e ruas da vila, voltamos à pousada, encerramos a conta e, de carro, fomos até o local onde há uma das maiores atrações da região, que é a Pedra Pintada, abrigo natural de rochas quartzíticas, onde homens pré-históricos deixaram diversos sinais de sua permanência no local, através de pinturas rupestres. O local fica numa propriedade particular, distante mais ou menos 3 Km do centro de Cocais. Quem nos atendeu e serviu de guia foi José Romualdo dos Reis, um dos donos. O local, realmente, é fantástico, pois, além do contato com pinturas pré-históricas, também tivemos à disposição uma vista extraordinária da região, com seus vales e montes ainda intactos. No final da visita, ganhamos umas tangerinas, colhidas do pé pelo Sr José, e aproveitamos para comprar um mel silvestre, vendido na propriedade.
Vista de Cocais, tendo ao fundo a Igreja Matriz de São João Batista |
Museu Fernando Toco - Cocais (MG) |
Sobrado do Cartório, que pertenceu a Fernando Toco - Cocais (MG) |
Pousada Vila Cocais na rua principal de Cocais (MG) |
Caminho para Pedra Pintada - Cocais (MG) |
Pinturas rupestres pré-históricas em Pedra Pintada - Cocais (MG) |
A um passo da eternidade - Cocais (MG) |
Boi que faz careta no caminho para Pedra Pintada - Cocais (MG) |
Seriemas no caminho para Pedra Pintada - Cocais (MG) |
Às quatorze horas do dia 18 de maio, deixamos o distrito de Cocais. Próxima parada pretendida, Tiradentes, o que não foi possível naquele mesmo dia, devido à distância. Tivemos, então, de fazer um “pit stop” em Itabirito.
VILA COCAIS
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Existe uma nova descoberta
a cada parada que se faz.
Não poderia ser diferente
nas terras de Vila Cocais.
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Vila onde houve quem
encontrasse um pote de ouro
e ficasse rico.
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Hoje, a riqueza reluz no horizonte
e mostra o vigor da natureza
a cada novo pôr-do-sol.
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Estradas de chão que levam
a cachoeiras murmurantes
e a pedras pintadas
por antepassados distantes.
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Existe uma nova descoberta
a cada parada que se faz
e isto não foi diferente
nas terras de Vila Cocais.
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Felipe Cerquize
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