09/05/2009

ESTRADA REAL VI

VISTA DA CIDADE DE OURO PRETO (MG)
OURO PRETO (MG)
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Cheguei à antiga Vila Rica de Albuquerque no dia 18 de janeiro. Tempo chuvoso, mostrando a que veio a famigerada Zona de Convergência do Atlântico Sul, que molhou quase todas as almas brasileiras por mais de três meses. Como disse anteriormente (ver Estrada Real I), apesar de toda chuva, parece que São Pedro resolveu me poupar das mais fortes e prejudiciais, durante os percursos que fiz. Fiquei numa pousada situada no início do caminho para Mariana, mas era possível ir a pé até o centro de Ouro Preto. Do quarto que fiquei, viam-se as construções seculares e o Pico do Itacolomi, que impõe um ar místico ao cenário histórico da cidade (Em tupi-guarani, o nome quer dizer “menino de pedra ou “pedra menina”, ITA-CORUMI, pois para os índios o pico era visto como um “filhote” da montanha).
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Havia estado uma única vez em Ouro Preto, em 1992, quando fui participar de um curso em Belo Horizonte e aproveitei para esticar até lá com uns colegas de trabalho. Não percebi grandes progressos, na comparação do que vi nesses 17 anos de intervalo entre uma visita e outra, o que me pareceu ser exatamente o objetivo de seus administradores. Uma coincidência que me chamou a atenção foi que, na visita que fiz, na década de 90, havia morrido uma figura importante da cidade, cujo nome não me lembro, e um grande funeral passou por nós, quando passeávamos pela Praça Tiradentes. Nessa viagem de agora, enquanto visitávamos a Igreja do Pilar, fiquei sabendo do infarto sofrido pelo padre Simões, pároco daquela igreja, muito querido pelo povo de lá. Na manhã do dia seguinte, os sinos de várias igrejas tocaram, ininterruptamente, por mais de meia hora. Então, quando eu estava na praça de artesanatos de pedra-sabão, soube que ele havia falecido. Os moradores de Ouro Preto colocaram estandartes nas sacadas dos casarões e, no Museu da Inconfidência, a bandeira ficou a meio mastro. Na década de 60, Simões ajudou a recuperar diversas peças de arte sacra roubadas das igrejas históricas.
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A cidade tem uma variedade considerável de opções turísticas. Igrejas estão por toda parte, formando o maior conjunto barroco do país. Na Igreja de São Francisco de Assis, por exemplo, a beleza é resultado de uma dobradinha de mestres inspiradíssimos, pois Aleijadinho criou o projeto e Atahyde pintou o teto, que levou dez anos para ficar pronto. A Matriz do Pilar, onde padre Simões era o pároco, é considerada a segunda mais rica do Brasil. Já a Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi projetada e construída por Manuel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho (as sepulturas de ambos estão nessa igreja, sob o piso). No Museu da Inconfidência, diversas poesias de Tomaz Antônio Gonzaga estão espalhadas pelas paredes, com muito requinte. Outro lugar interessante é a Casa dos Contos, antigo local de pesagem e fundição do ouro extraído na região. Visitar uma mina de ouro desativada e o Museu de Mineralogia também é inevitável. Para os atrativos turísticos mais distantes do centro, paguei um guia (sobram por lá, mas é importante utilizar os serviços de guias credenciados para não ter surpresas desagradáveis no meio do caminho). Procurei dar a ênfase que me era possível às atrações que retratavam os inconfidentes, como o próprio museu dedicado a eles, a casa de Cláudio Manuel da Costa (hoje, residência particular) e a casa de Tiradentes, cuja estátua na praça central da cidade está justamente no local onde a cabeça do alferes ficou à mostra, depois de ser enforcado e esquartejado no Rio de Janeiro.
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Fotos:
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Muitos cafés e restaurantes agradáveis no centro da cidade. Nos ladeirões, que acabam com o fôlego dos menos preparados, estão as principais ruas de comércio. No entorno da Praça Tiradentes, também há diversas lojas que vendem jóias e pedras preciosas, o que é uma atividade comercial tradicional em Ouro Preto. A diversidade das gemas extraídas naquelas plagas permite a criação de jóias finas e de qualidade. A cidade é a única produtora mundial de topázio imperial, o mais valioso entre os diversos tipos de topázio. As gemas são encontradas nas mais variadas tonalidades. Quanto mais forte a coloração, mais cara a gema.
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SONETO A OURO PRETO
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A cidade parada no tempo,
nuvens ao sabor do vento.
O sol vaza por teus ninhos,
clareando meus caminhos.
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Enquanto subo as ladeiras,
minhas pernas sorrateiras
tremulam como bandeiras
e brindam o prazer da dor.
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Brindam o laço da história,
a grandeza de teus poetas,
que atormentaram o amor.
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Tropeçam na tua memória,
caem nos braços do tempo,
mas depois cultivam a flor.
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Felipe Cerquize
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